João Lourenço, líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido que governa o país desde a independência, em 1975) começou hoje o seu discurso de lançamento da campanha eleitoral, em Camama, província de Luanda, enaltecendo os feitos do antigo presidente do partido, que morreu no dia 08 de julho, em Barcelona, Espanha.
Segundo João Lourenço, o lançamento da campanha ocorre num momento em que os militantes do MPLA e de forma geral os angolanos "ainda sentem a dor do desaparecimento físico do camarada presidente José Eduardo dos Santos".
"Nosso presidente emérito, um grande filho de Angola, que dedicou toda a sua juventude e muitos anos de governação em momentos muito difíceis que o nosso país atravessou, mas soube dirigir o país com sabedoria e, sobretudo, acabar com a guerra que ameaçava destruir o nosso país", referiu.
O líder do MPLA, que concorre a um segundo mandato, salientou ainda que a José Eduardo dos Santos os angolanos devem "a paz e a reconciliação" que o país vive já há 20 anos "e que é um bem precioso" para o desenvolvimento do país.
"Aproveito esta oportunidade para salientar o civismo e o respeito demonstrado pelos angolanos de uma forma geral e por todos aqueles estrangeiros que se quiseram juntar à nossa dor, durante os cerca de sete dias que decorreram as homenagens ao presidente José Eduardos dos Santos", frisou.
"Mas a vida continua, a maior alegria dele será ver o seu MPLA ganhar estas quintas eleições gerais em Angola. Esta é a melhor forma que temos de honrar a memória do presidente José Eduardo dos Santos", acrescentou.
José Eduardo dos Santos, que governou Angola de 1979 a 2017, morreu, no dia 08 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos.
Duas fações da família dos Santos disputam, na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, quem ficará com a guarda do corpo de José Eduardo dos Santos.
De um lado, está Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opõem à entrega dos restos mortais à ex-primeira dama e são contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições para evitar aproveitamentos políticos.
Do outro, está a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que reivindicam também o corpo e querem que este seja enterrado em Angola nos próximos tempos.
Esta pretensão é apoiada pelo Governo angolano que anunciou a intenção de fazer um funeral de Estado, mas teve de se contentar com sete dias de luto nacional e um velório sem corpo, enquanto a disputa prossegue nas instâncias judiciais, a quatro dias do início da campanha para as eleições gerais, tornando-se num facto político que está a marcar a corrida eleitoral.
Em entrevista na semana passada a meios de comunicação social angolanos, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, que lidera a delegação que representa o Estado angolano, general Francisco Furtado, mostrou-se confiante num desfecho favorável, salientando que os cidadãos angolanos e a comunidade internacional querem ver "o problema resolvido".
"Toda a Nação angolana quer a presença do seu antigo líder no país para lhe render a merecida homenagem", disse Francisco Furtado, sublinhando que se as autoridades espanholas tiverem em conta as razões que levaram o ex-Presidente a Barcelona "não haverá outro desfecho que não seja o regresso do corpo para Luanda".
A campanha eleitoral para as quintas eleições gerais angolanas, que se realizam em 24 de agosto, começou hoje oficialmente.
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