Líder da esquerda italiana avisa que eleições serão determinantes para UE
O líder do Partido Democrático italiano (PD, centro-esquerda), Enrico Letta, avisou hoje que as eleições de 25 de setembro em Itália "serão determinantes" para a União Europeia, já que o bloco pró-europeu vai enfrentar a direita ultranacionalista.
© Reuters
Mundo Enrico Letta
"Nunca como agora, desde 1948, umas eleições italianas foram tão determinantes para os equilíbrios europeus", afirmou o ex-primeiro-ministro, na abertura dos trabalhos da direção do seu partido.
O PD está hoje reunido para preparar a campanha eleitoral para as eleições, convocadas na semana passada após a renúncia do primeiro-ministro, Mario Draghi, que ainda está no cargo.
No seu discurso, Letta alertou para a probabilidade de surgirem dois blocos na campanha eleitoral: um progressista e centrista, onde se insere, e outro populista de direita, que juntará o partido Irmãos de Itália liderado por Giorgia Meloni, a Liga (extrema-direita) liderada por Matteo Salvini, e o conservador Força Itália, liderado por Silvio Berlusconi.
"O empate não está contemplado", assegurou, acrescentando que "ou ganha a Europa comunitária, do [programa] Next Generation EU, do Erasmus e da esperança, ou ganha a Europa [do Presidente húngaro, Viktor] Órban, do [partido espanhol] Vox e da [líder da extrema-direita francesa] Marine Le Pen".
"Temos de evitar que a Itália seja vista como aliada de governos como o da Hungria ou o da Polónia e que defina o objetivo de acabar com o Pacto Verde europeu e de voltar atrás nos passos fundamentais dados a nível europeu", defendeu.
Letta optou por fazer uma campanha eleitoral conjunta com os partidos do bloco que quer criar e destacou que o resultado será conjunto, quer o da esquerda quer o da direita de Giorgia Meloni, lembrando que a política de 'extremos' lidera todas as sondagens atuais, depois de um ano e meio de uma coligação de unidade nacional conseguida por Draghi.
O líder do PD, a principal formação de centro-esquerda do país, está a tentar formar uma grande coligação de partidos progressistas, de centro e pró-europeus que possam enfrentar a aliança de direita liderada por Meloni.
Para isso, está a negociar com o partido Azione, do ex-ministro do Desenvolvimento Económico, Carlo Calenda, com o Italia Viva, do seu ex-correligionário Matteo Renzi, e com outras pequenas formações.
No entanto, considerou, na semana passada, ser impossível uma colaboração com o Movimento 5 Estrelas (M5E), a quem culpa pela queda de Draghi ao ter retirado o seu apoio ao Governo.
"O caminho em conjunto foi interrompido e não pode ser retomado", disse no domingo, em entrevista ao jornal La Repubblica.
A Itália vai realizar eleições legislativas antecipadas em setembro, na sequência da crise do Governo de unidade nacional de Mario Draghi, pressionado a renunciar devido ao abandono de três importantes parceiros da sua coligação: o M5S, a Liga e o Força Itália, que não aprovaram a moção de confiança ao Governo pedida pelo primeiro-ministro.
Segundo as última sondagens, o Irmãos da Itália e Meloni garantem cerca de 23% das intenções de voto, à frente do Partido Democrata ((23%) e da Liga(14%); a formação de Berlusconi, que perdeu alguns dos seus dirigentes por ter recusado apoio a Draghi, ronda os 8%.
Draghi presidiu a uma coligação de unidade nacional nos últimos 17 meses, desde fevereiro de 2021, quando foi indicado para gerir a crise da pandemia de covid-19 e a recuperação económica do país, após a queda do seu antecessor, Giuseppe Conte, líder do M5S, que esteve na base da atual crise política.
A coligação foi apoiada por praticamente todos os partidos com assento parlamentar, da esquerda à extrema-direita, exceto pelo movimento ultranacionalista de Giorgia Meloni.
No passado dia 14 de julho, Draghi anunciou que não queria continuar a governar sem o apoio do M5S, quando este partido se absteve num primeiro voto de confiança.
Nessa altura, o Presidente italiano, Sergio Mattarella, rejeitou o pedido de renúncia e pediu a Draghi para tentar novas soluções políticas, com o devido apoio no parlamento.
Na semana passada, Mario Draghi venceu uma segunda moção de confiança, mas perdeu o apoio de três dos partidos que apoiavam a sua coligação - o M5S, o Força Itália e a Liga - o que justificou uma nova visita ao Presidente, para lhe reiterar o pedido de demissão, que foi aceite, levando à antecipação das eleições.
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