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Presidente tunisino comemora vitória quase certa de nova Constituição

O Presidente da Tunísia afirmou hoje que o país entrou numa "nova fase", já que está quase certa a vitória do "sim" num referendo sobre uma nova Constituição que reforça as prerrogativas do chefe de Estado.

Presidente tunisino comemora vitória quase certa de nova Constituição
Notícias ao Minuto

11:48 - 26/07/22 por Lusa

Mundo Kaïs Saïed

Num discurso proferido a meio da noite para os seus apoiantes, reunidos no centro de Tunes, Kais Saied considerou que "os tunisinos deram uma lição ao mundo, uma lição de História", defendendo que "o referendo permitirá passar de uma situação de desespero para uma situação de esperança".

A Tunísia enfrenta uma crise económica agravada pela pandemia de covid-19 e pela guerra na Ucrânia -- país de que depende para as suas importações de trigo -- e está muito polarizada desde que Saied, democraticamente eleito em 2019, assumiu todos os poderes em 25 de julho de 2021.

Os primeiros resultados oficiais só são esperados hoje à tarde, mas, de acordo com o instituto de sondagens Sigma Conseil, o "sim" já venceu, com 92,3% dos votos.

Como a maioria dos principais partidos da oposição, com destaque para o movimento de inspiração islâmica Ennahdha, boicotou a eleição na segunda-feira, todos os olhos estavam voltados para os números da abstenção, que, ainda assim, foi considerado muito baixo.

Com base em dados provisórios, 27,5% dos 9,3 milhões de eleitores recenseados votaram, num país onde a abstenção é tradicionalmente muito elevada, com uma afluência geralmente inferior a 40%.

Mas para a Frente de Salvação Nacional, um bloco da oposição que inclui o Ennahdha, "75% dos tunisinos se recusaram a dar a sua aprovação ao projeto golpista lançado há um ano por Kais Saied".

A afluência foi "muito além dos 10% [esperados por alguns analistas] mas ficou bastante abaixo dos 50%", afirmou o analista Youssef Cherif, em declarações à agência francesa de notícias AFP.

"A maioria votou, sobretudo, a favor do homem [Kais Saied] ou contra os seus adversários e não propriamente pelo texto" da nova Constituição, alegou.

Também o analista Abdellatif Hannachi acredita que a votação foi um teste à popularidade de Saied, ressaltando que, embora "à superfície, os números [de participação] sejam baixos, são bastante respeitáveis, dada a realização da votação no verão, durante feriados e no meio de um período de muito calor".

O resultado permitirá que Saied "aumente o seu controlo sobre o país" e "não tenha consideração por outras forças políticas", concluiu.

Assim que as previsões do Sigma Conseil foram anunciadas na televisão nacional, centenas de partidários do Presidente foram para as ruas comemorar "a vitória", apitando e agitando a bandeira nacional.

Por volta das 01:00 GMT (00:00 em Lisboa), Kais Saied apareceu perante a multidão que aplaudia.

"A Tunísia entrou numa nova fase", disse, assegurando que a participação "teria sido maior se a votação tivesse acontecido dois dias depois".

A nova lei fundamental concede amplas prerrogativas ao chefe de Estado, rompendo com o sistema parlamentar vigente desde 2014.

O Presidente, que não pode ser destituído, designa o chefe de Governo e os ministros e pode demiti-los como bem entender, além de poder submeter ao parlamento documentos legislativos com caráter de "prioridade".

Sadok Belaid, o advogado contratado por Saied para redigir um projeto de Constituição, rejeitou o texto final, afirmando acreditar que poderia "abrir caminho a um regime ditatorial".

O Presidente Saied, de 64 anos, considera a revisão da Constituição como uma continuação da "correção do caminho em curso", iniciada em 25 de julho de 2021, quando, argumentando com bloqueios políticos e económicos, demitiu o primeiro-ministro e dissolveu o parlamento.

Leia Também: Centenas de tunisinos manifestam-se em apoio do Presidente Kais Saied

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