"Esta decisão é mais um passo no processo de proteção das reservas internacionais de ouro da Venezuela e de as preservar para o povo venezuelano e o seu futuro", disse o líder da oposição, Juan Guaidó, aos jornalistas.
O opositor considerou a decisão "outra vitória internacional para a democracia e a liberdade" e indicação de que "para o regime de (Nicolás) Maduro é mais importante o poder e o dinheiro que o povo".
"Agradecemos que o Reino Unido nos lembre, a nós e ao mundo, o que é possível numa democracia que respeita o estado de Direito", disse.
Entretanto, num contato telefónico com a televisão estatal, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, questionou a "realmente insólita" decisão.
"Hoje houve uma decisão verdadeiramente insólita de parte do Tribunal Britânico, uma decisão subordinada e amordaçada às decisões da Coroa Britânica", afirmou.
Decly Rodríguez frisou que "a Venezuela condena categoricamente a decisão do tribunal britânico sobre o ouro ilegalmente confiscado pelo Banco de Inglaterra".
"Como resultado da ficção antijurídica e fraudulenta de um grupo criminoso liderado por Juan Guaidó para roubar os bens do nosso país, eles decidiram ficar com o ouro venezuelano", disse.
Delcy Rodríguez apelou ao governo britânico que "emende" a sua decisão e "não continue com esta farsa de que Juan Guaidó é o presidente de um país".
O Tribunal Comercial de Londres decidiu hoje a favor do líder da oposição Juan Guaidó no caso do controlo do ouro venezuelano depositado no Banco de Inglaterra.
Após um julgamento de quatro dias que terminou a 18 de Julho, a juíza Sara Cockerill disse que não pode manter as decisões do Supremo Tribunal de Justiça venezuelano (TSJ) que anularam as nomeações de Guaidó para o conselho de administração do Banco Central da Venezuela (BCV), uma vez que não existe base legal no Reino Unido para o fazer.
No entanto, a juíza não autorizou a equipa da oposição a aceder às reservas, questão que será determinada noutra audiência, apesar de considerar válido a administração de Guaidó ser reconhecido pelo governo britânico como o presidente legítimo, numa base provisória, do país latino-americano.
Uma nova audiência deverá realizar-se em setembro ou outubro para encerrar outros aspetos do caso, incluindo se a administração de Guaidó pode passar a gerir os ativos venezuelanos depositados em Inglaterra.
A decisão de hoje vem depois de o Supremo Tribunal do Reino Unido já ter decidido sobre uma série de questões preliminares em 2021 e reconhecer Guaidó, e não Maduro, como o líder da Venezuela.
O processo começou a 14 de Maio de 2020, quando o presidente do conselho de administração oficial do BCV, Calixto Ortega, acusou o Banco de Inglaterra de violar o contrato ao não cumprir a ordem de transferência de 930 milhões de euros das reservas de ouro venezuelanas para um fundo da ONU para combater a pandemia covid-19 no país.
O BCV tem depositadas em Inglaterra 31 toneladas em barras de ouro, avaliadas em cerca de 1.950 milhões de dólares (cerca de 1.900 milhões de euros no câmbio atual).
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