"A coordenação nacional da FNDC (Frente Nacional de Defesa da Constituição, a plataforma da sociedade civil, sindicatos e partidos da oposição) tomou conhecimento com angústia do sequestro de seu coordenador nacional Oumar Sylla, também conhecido por 'Fonikè Menguè'", refere em comunicado divulgado nos média locais.
Oumar Sylla foi preso na madrugada de hoje "na sua casa por um grupo de soldados e polícias encapuzados e fortemente armados" e levado para um "destino desconhecido", disse aquela organização.
A prisão deu-se depois de, na quinta-feira, a Procuradoria-Geral do Tribunal de Recurso de Conacri ter ordenado a instauração de "ações judiciais" contra os organizadores dos protestos que a FNDC convocou para aquele dia para a capital do país e que prosseguiram na sexta-feira.
O Ministério Público ordenou que os opositores fossem processados por "atos de manifestação ilegal, destruição de prédios públicos e propriedade privada, instigação à concentração de pessoas e agressão intencional" entre outros crimes.
Segundo opositores, pelo menos cinco manifestantes morreram nos protestos organizados pelo FNDC, apesar de serem proibidas manifestações públicas desde o mês de maio deste ano.
Além disso, foram feitas "inúmeras detenções", sendo que a FNDC justifica os protestos devido à "ausência de diálogo entre o Comité Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento (CNRD - nome dado à junta militar), os atores políticos e sociedade civil", bem como à "ausência de direitos e liberdades" para os cidadãos.
Sylla foi libertado poucos dias após o golpe de 5 de setembro de 2021, após quase nove meses de prisão, quando a junta militar ordenou a libertação de cerca de 80 presos políticos e tem mantido a sua posição contra a situação política no país.
Na quarta-feira, mediadores da África Ocidental, incluindo o ex-presidente do Benin Thomas Boni Yayi, reuniram-se com o líder da junta militar da Guiné-Conacri , o coronel Mamady Doumbouya, e as autoridades, em Conacri, para discutirem o regresso ao poder dos civis no país, segundo disse à AFP um representante da CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
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