Conflitos entre Pequim e Taipé duram há 70 anos com EUA sempre envolvidos

As relações entre China e Taiwan têm sido tensas desde a separação "de facto" em 1949, inclusive gerando conflitos recorrentes entre Pequim e Washington, que vivem nova fase de discórdia, com a visita de hoje de Nancy Pelosi.

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Lusa
02/08/2022 21:08 ‧ 02/08/2022 por Lusa

Mundo

Taiwan

A China reivindica soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá, em 1949, depois de perder a guerra civil contra os comunistas.

Liderados por Chiang Kai-shek (1887-1975), os nacionalistas do Kuomintang formaram um governo em 07 de dezembro e proibiram qualquer ligação entre a ilha [oficialmente a "República da China"] e a China comunista.

Depois, já em 1950, Taiwan tornou-se um aliado de Washington na guerra contra a China na Coreia.

Em 05 de outubro de 1971, a sede da China na ONU, ocupada por Taiwan, foi concedida a Pequim.

Já em 1979, Washington rompeu relações diplomáticas com Taipé para reconhecer a República Popular da China, mas o Congresso norte-americano impôs o fornecimento de armas a Taiwan para sua autodefesa.

Desde então, os Estados Unidos adotaram a chamada política de "ambiguidade estratégica" em relação a Taipé, abstendo-se de dizer se interviria ou não militarmente para defender Taiwan no caso de uma invasão.

No entanto, Washington continua a ser o aliado mais poderoso da ilha e seu principal fornecedor de equipamentos militares.

Ainda nas relações entre China e Taiwan, em 02 de novembro de 1987, os taiwaneses foram autorizados a viajar para a China continental para reuniões familiares, abrindo caminho para o comércio.

Em 1991, Taipé revogou as disposições que estabeleciam o estado de guerra com a China, mas em 1995, Pequim suspendeu as negociações para a normalização, em protesto contra uma viagem do Presidente Lee Teng-hui aos Estados Unidos.

A China disparou em 1996 mísseis perto da costa de Taiwan, pouco antes da primeira eleição presidencial por sufrágio universal, em 23 de março, naquele território.

Em 14 de março de 2005, Pequim adotou uma lei anti-secessão prevendo meios "não pacíficos" caso Taiwan declarasse independência.

O diálogo suspenso em 1995 foi retomado entre Pequim e Taipé em 2008, sendo que, em 2010, assinaram um acordo-quadro de cooperação económica e, quatro anos depois, estabeleceram um diálogo entre os governos.

Nesta fase, em 07 de novembro de 2015, os presidentes chinês e taiwanês reúnem-se em Singapura, pela primeira vez desde 1949.

As tensões regressaram em 2016, quando Tsai Ing-wen, de um partido pró-independência, se torna Presidente, levando Pequim a suspender todas as comunicações com Taiwan, por o novo governo não reconhecer o conceito de "uma China".

Em 2017, o Presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou uma grande venda de armas para Taiwan e, no ano seguinte, os norte-americanos aprovaram uma lei que fortaleceu os laços com Taiwan.

A pressão de Pequim sobre Taipé continua desde 2019, quando Xi Jinping referiu que não desistiria da força para recuperar Taiwan, enquanto alerta Washington "para não brincar com fogo", após outra venda de armas a Taiwan.

Com a reeleição de Tsai Ing-wen, em janeiro de 2020, a Presidente declara que Taiwan é "um país como tal", enquanto em outubro, Xi Jinping pede ao Exército que "se prepare para a guerra".

Em 12 de abril de 2021, 25 aviões militares chineses, um recorde então superado, entraram na Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan (Adiz), a cerca de 200 quilómetros d costa.

No total, em 2021, cerca de 970 aeronaves chinesas foram detetadas nesta área.

Ainda em 2021, os norte-americanos voltaram a posicionar-se, já com Joe Biden como chefe de Estado, referindo em 22 de outubro que os EUA estavam prontos para defender Taiwan militarmente, no caso de um ataque da China.

No dia 27, a China rejeita uma proposta norte-americana de conceder a Taiwan "participação significativa" na ONU e, no dia seguinte, a Presidente de Taiwan reconhece publicamente, pela primeira vez desde 1979, a presença de tropas norte-americanas naquele território.

As palavras de Joe Biden foram repetidas em 23 de maio de 2022, com Pequim a responder com a segunda maior incursão do ano com a entrada, segundo Taipé, de 30 aviões no Adiz.

O clima de tensão vive um novo pico atualmente, com a chegada hoje a Taiwan da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, que realiza uma viagem pela Ásia.

A visita gerou críticas por parte de Pequim, considerado esta uma atitude "extremamente perigosa" dos Estados Unidos, anunciando também que vai efetuar exercícios navais militares a partir de quinta-feira.

Por outro lado, a Casa Branca considerou hoje "não existir qualquer violação ou problemas de soberania" com a visita da presidente da Câmara dos Representantes, com o coordenador de comunicações do Conselho de segurança nacional, John Kirby, a referir que o seu país não apoia a independência de Taiwan e que a visita de Pelosi apenas "reafirma a política de uma única China", defendida por Pequim.

Já Nancy Pelosi considerou hoje que a sua vista a Taiwan demonstra o "apoio incondicional" dos Estados Unidos à vibrante democracia em Taiwan", e asseguram que "não contradiz a política de longa data dos Estados Unidos", baseada em acordos estabelecidos com Taiwan e a China.

Leia Também: Marinha dos EUA tem perto de Taiwan um porta-aviões e outras unidades

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