Nagorno-Karabakh. Rússia manifesta "extrema preocupação"

A Rússia manifestou-se hoje "extremamente preocupada" pela mais recente escalada de tensões que provocou três mortos no Nagorno-Karabakh, a região separatista em território do Azerbaijão apoiada pela Arménia, e apelou à "contenção".

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Lusa
04/08/2022 14:41 ‧ 04/08/2022 por Lusa

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Azerbaijão

"Estamos extremamente preocupados pela escalada das tensões (...) e apelamos às partes que demonstrem contenção e respeitem o cessar-fogo", indicou a diplomacia russa em comunicado, precisando que Moscovo permanece em "contacto estreito" com Baku e Erevan para "estabilizar" a situação no terreno.

"Os soldados russos de manutenção da paz farão todos os esforços necessários para estabilizar a situação no terreno. Está a decorrer um trabalho ativo com as duas partes (...) a todos os níveis", assegurou a diplomacia russa.

Na quarta-feira, o Azerbaijão afirmou ter assumido o controlo de diversas posições e destruído alvos arménios no Nagorno-Karabakh, numa escalada que provocou pelo menos três mortos e suscitou receios sobre num novo conflito generalizado.

Hoje, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, optou por solicitar a ajuda do contingente militar de paz russo.

"No Nagorno-Karabakh existe uma linha de contacto onde estão estacionados soldados da paz, e esse território está sob a vossa responsabilidade. Esperamos que seja impedida pelos soldados da paz cada tentativa de violação da linha de contacto", declarou Nikol Pachinian, durante uma reunião governamental.

Segundo Pachinian, a operação de manutenção da paz deve ser "clarificada", pelo facto de o Azerbaijão se recusar a assinar "um documento sobre o mandato" desta força russa presente na região desde 2020.

O chefe do Governo arménio pediu ao Azerbaijão para respeitar "as suas obrigações", que segundo indicou passam pelo reconhecimento da "existência do Nagorno-Karabakh", o respeito pela linha de contacto e o reconhecimento do "corredor de Latchin", que estabelece a ligação do enclave separatista com a Arménia.

"Caso contrário, deveremos promover os mecanismos internacionais para que o Azerbaijão cumpra as suas obrigações", prosseguiu.

Os incidentes de quarta-feira arriscam-se a comprometer as conversações de paz que decorrem há vários meses entre o Azerbaijão e a Arménia, duas ex-repúblicas soviéticas rivais do Cáucaso, com mediação da União Europeia (UE).

A Arménia e o Azerbaijão declararam a independência em 1991.

O Nagorno-Karabakh, uma região em território azeri, hoje habitada quase exclusivamente por arménios (cristãos ortodoxos), declarou a independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990, que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.

Na sequência dessa guerra, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram a ser frequentes, e implicaram importantes confrontos em 2018.

Cerca de dois anos depois, no outono de 2020, a Arménia e o Azerbaijão enfrentaram-se durante seis semanas pelo controlo do Nagorno-Karabakh durante uma nova guerra que provocou 6.500 mortos e com uma pesada derrota arménia, que perdeu uma parte importante dos territórios que controlava há três décadas.

Após a assinatura de um acordo sob mediação russa, o Azerbaijão, apoiado militarmente pela Turquia, registou importantes ganhos territoriais e Moscovo enviou uma força de paz de 2.000 soldados para a região do Nagorno-Karabakh.

Apesar do tímido desanuviamento diplomático, os incidentes armados permanecem frequentes na zona ou ao longo da fronteira oficial entre os dois países.

Leia Também: Arménia e Azerbeijão preparam conversações de paz sobre Nagorno-Karabakh

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