Atenuar tensão? Charles Michel em contacto com líderes arménio e azeri
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, está "em contacto" com os líderes da Arménia e do Azerbaijão para tentar reduzir a tensão entre Baku e Erevan devido à disputa territorial do enclave do Nagorno-Karabakh, que agravou-se na quarta-feira.
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De acordo com fontes comunitárias citadas pela agência noticiosa EFE, Charles Michel, que se tem envolvido no processo de normalização das relações entre a Arménia e o Azerbaijão, "mantém um estreito contacto com os líderes dos dois países".
As mesmas fontes precisaram que o político belga já falou com o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinian, e tem também prevista uma conversa com o Presidente azeri, Ilham Aliev.
Fontes comunitárias assinalaram que a equipa de Charles Michel e o representante especial da União Europeia (UE) para o Cáucaso do Sul, Toivo Klaar, "mantiveram intensos contactos com ambas as partes nos últimos dias para impulsionar uma imediata desescalada e avançar através do diálogo em todos os pontos da agenda que estão sobre a mesa".
Na quarta-feira, o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) já tinha solicitado, num comunicado, o "fim imediato das hostilidades" entre as forças militares arménias e azeris.
"É fundamental reduzir a tensão, respeitar ao máximo o cessar-fogo e regressar à mesa das negociações para procurar soluções negociadas", apontou o serviço diplomático da UE, liderado pelo chefe da diplomacia de Bruxelas, Josep Borrell.
A autoproclamada república do Nagorno-Karabakh, um território disputado entre a Arménia e o Azerbaijão, declarou na quarta-feira a mobilização parcial após acusar Baku de um ataque que provocou pelo menos três mortos e 20 feridos.
Já esta quinta-feira, referiu-se a uma "calma relativa" na região.
A diplomacia comunitária acrescentou que "segue empenhada em ajudar a superar as tensões e prosseguir o seu compromisso em direção à paz e estabilidade sustentáveis no sul do Cáucaso".
As autoridades do território, habitado historicamente por arménios mas reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão, acusaram Baku de novas violações da trégua vigente desde o final da guerra do outono de 2020.
O conflito no Nagorno-Karabakh remonta a 1998, quando esta região montanhosa, habitada por cerca de 80% de arménios (cristãos ortodoxos), pediu a integração na Arménia, e perante o silêncio das autoridades soviéticas desse período, celebrou um referendo sobre a independência que não foi reconhecido pelo Azerbaijão e a maioria dos países.
A região acabou por declarar a independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990, que provocou cerca de 30.000 mortos, centenas de milhares de refugiados e garantiu aos arménios o controlo do Nagorno-Karabakh e vastos territórios em seu redor.
Na sequência deste sangrento conflito foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram a ser frequentes e implicaram importantes confrontos em 2018.
Cerca de dois anos depois, no outono de 2020, a Arménia e o Azerbaijão enfrentaram-se durante seis semanas pelo controlo do Nagorno-Karabakh durante uma nova guerra que provocou 6.500 mortos e com uma pesada derrota arménia, que perdeu cerca de 70% dos territórios que controlava há três décadas, incluindo uma parte da autoproclamada república.
Após a assinatura de um acordo sob mediação russa, Moscovo enviou uma força de paz de 2.000 soldados para a região do Nagorno-Karabakh.
No entanto, e apesar do tímido desanuviamento diplomático, os incidentes armados permanecem frequentes na zona ou ao longo da fronteira oficial entre os dois países.
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