Rússia pede pressão sobre Kyiv para evitar ataques a central nuclear
A Rússia pediu hoje aos países com influência junto das autoridades ucranianas que a utilizem para impedir ataques às instalações da central nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, atualmente sob controlo militar russo.
© Reuters
Mundo Ucrânia
"Esperamos que os países que têm influência absoluta na liderança ucraniana utilizem esta influência para excluir a continuação destes ataques", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
Peskov disse que "os ataques à central nuclear pelas Forças Armadas ucranianas representam uma ação extremamente perigosa, que, se agravada, pode trazer consequências catastróficas para vastos territórios, incluindo o território da Europa".
Após vários ataques à central nuclear na sexta-feira, Moscovo e Kyiv acusaram-se mutuamente de comprometerem a segurança da instalação, a maior do género na Europa.
A operadora de centrais nucleares ucraniana Energoatom acusou hoje as tropas russas de terem colocado minas na central como forma de chantagem.
A empresa ucraniana disse na rede social Telegram que a eventual explosão da central é uma tentativa das tropas russas de alertar contra as consequências de uma recuperação pelo exército ucraniano de territórios invadidos pela Rússia.
Numa mensagem vídeo, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que as forças russas "criaram outra situação extremamente perigosa para toda a Europa".
"Qualquer bombardeamento desta instalação é um crime aberto e flagrante, um ato de terror", disse Zelensky, insistindo no pedido para que a comunidade internacional considere a Rússia como um Estado patrocinador do terrorismo.
A Rússia, que controla a central desde março, contestou estas declarações e acusou Kyiv de promover o "terrorismo nuclear".
"Os ataques da Ucrânia a instalações nucleares podem ser qualificados ao abrigo do direito internacional como atos de terrorismo nuclear", escreveu o senador russo Konstantin Kosachev na rede social Telegram.
Kosachev disse que o ataque ucraniano numa altura em que a ONU está a realizar uma conferência sobre a não-proliferação de armas nucleares "põe em causa o cumprimento pela Ucrânia dos seus compromissos sobre a segurança das instalações nucleares".
As autoridades pró-russas na região de Zaporizhzhia, parcialmente ocupada pelo exército russo, acusaram, no domingo, o exército ucraniano de atacar a central nuclear, danificando linhas elétricas e edifícios industriais do complexo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu hoje, no Japão, que qualquer ataque a uma central nuclear é "uma missão suicida", referindo-se ao ataque em Zaporizhzhia, mas sem apontar os responsáveis.
Guterres também deu o seu apoio aos esforços da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para estabilizar a situação na área e obter acesso à central nuclear.
No sábado, o diretor-geral da AIEA, o diplomata argentino Rafael Grossi, manifestou-se extremamente preocupado com o bombardeamento da central nuclear e avisou que se estava a "brincar com o fogo", havendo o risco de uma "catástrofe nuclear".
A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporijia.
Segundo a Energoatom, apenas dois dos seis reatores de Zaporijia estão atualmente ativos.
As informações divulgadas pelas autoridades ucranianas e russas sobre a guerra na Ucrânia, iniciada pela invasão russa de 24 de fevereiro, não podem ser confirmadas de imediato de forma independente.
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