EUA dialogam com novo Presidente da Colômbia apesar das "diferenças"
Os Estados Unidos garantiram esta segunda-feira que vão continuar as conversações iniciadas com a equipa de transição do novo Presidente colombiano, Gustavo Petro, apesar das "diferenças compreensíveis" entre Washington e Bogotá.
© Reuters
Mundo Gustavo Petro
A administradora da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, que foi a representante do chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, na tomada de posse do Gustavo Petro, no domingo, destacou que ficou demonstrado nas "eleições livres" que a Colômbia quer "mudança".
"Tivemos o privilégio de nos encontrarmos com o Presidente, Gustavo Petro, a quem manifestámos o desejo de [Joe] Biden de continuar a trabalhar" nas relações entre os dois países, garantiu Power, durante uma conferência de imprensa da delegação norte-americana que esteve na Colômbia para a tomada de posse.
A representante dos EUA acrescentou que "depois de décadas de conflito e desigualdade merece paz e prosperidade duradouras".
"Como transmiti ao Presidente Petro, os nossos esforços com a Colômbia são complementares à agenda que este definir (...). O Presidente Petro e eu reconhecemos que a Colômbia e os Estados Unidos, como qualquer outro país, ocasionalmente terão diferenças, mas continuaremos em diálogo por causa da história compartilhada e dos laços económicos comuns", sublinhou.
Samantha Power frisou que os EUA continuam a ser "o principal parceiro económico da Colômbia e o principal parceiro de ajuda humanitária".
Sobre o apelo do novo Presidente colombiano durante o discurso de tomada de posse, sobre a necessidade de acabar com a "guerra às drogas", a administradora da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional explicou que "desde o início do período de transição" que se têm realizado reuniões com a equipa do Petro.
"Há diferenças compreensíveis sobre as quais continuaremos a falar e discutir. Esse trabalho vai continuar. Todos os governos, independentemente do país, vêm com as suas ideias de mudança, mas o que me parece claro aqui é que precisamos de ter uma discussão profunda em termos de detalhar o programa que vamos desenvolver juntos", apontou.
Para Samantha Power, o "importante" é "trabalhar mais detalhadamente qual será a abordagem" com a qual Petro e o seu governo abordarão o combate ao narcotráfico.
Já sobre a mensagem de "paz total" evocada por Petro, Samantha Power referiu que começou "a ter discussões com a equipa do Petro sobre como serão levadas a cabo", mas que "não há ideias concretas ou cronograma" de como será realizado.
"Os Estados Unidos sempre estiveram ao lado da Colômbia no campo de batalha quando a guerra era desenfreada, estávamos ao lado dos colombianos em paz, reconhecendo que a implementação ainda precisa de muito trabalho", mas o apoio dependerá "de como essa abordagem seja tomada".
Sobre a Venezuela e a vontade manifestada por Petro de retomar as relações, Power lembrou que a Casa Branca reconhece Juan Guaidó como Presidente, mas que apoiará as "negociações necessárias para alcançar resultados que levem o povo da Venezuela para lá da horrível situação causada pela ditadura e pela repressão", bem como pela "má gestão económica".
Gustavo Petro tomou este domingo posse em Bogotá, perante centenas de milhares de pessoas, como o primeiro Presidente da República de esquerda na história da Colômbia.
Petro sucede ao muito impopular Iván Duque (2018-2022) para um mandato de quatro anos que inicia com o apoio de uma maioria de esquerda no Congresso.
A vitória conquistada por Gustavo Petro nas presidenciais de junho infletiu o percurso da Colômbia, há muito dirigida por uma elite conservadora, para uma trajetória comum à de outros países da América Latina que efetuaram uma viragem à esquerda.
O antigo líder da oposição das últimas duas décadas na Colômbia assume o cargo com uma série de reformas em mente que criaram fortes expectativas junto dos seus apoiantes desde a sua vitória, em 19 de junho.
Ao seu lado, a ecologista Francia Márquez, de 40 anos, tomou posse como primeira vice-presidente afro-colombiana de um país que tem sido historicamente governado por elites masculinas brancas.
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