ONU pede que EUA e Rússia resolvam inspeções aos arsenais nucleares

A ONU instou esta terça-feira os Estados Unidos e a Rússia a resolverem o mais possível os diferendos que levaram Moscovo a suspender as inspeções norte-americanas aos seus arsenais nucleares, previstas num tratado fundamental de controlo de armas.

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Lusa
09/08/2022 20:29 ‧ 09/08/2022 por Lusa

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Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lembrou que este tratado é "o último" acordo bilateral para o controlo de armas nucleares que permanece em vigor entre as duas grandes potências e constitui um "elemento essencial" de arquitetura internacional de paz, segurança e desarmamento.

"As duas partes precisam de resolver todas as questões sobre o acesso e permitir que os inspetores retomem o seu inestimável trabalho para verificar este tratado", referiu Dujarric.

A medida da Rússia reflete o aumento das tensões entre Moscovo e Washington sobre a ação militar russa na Ucrânia e marca a primeira vez que o Kremlin suspende as inspeções dos EUA ao abrigo do tratado de controlo de armas nucleares New Start.

Ao declarar o congelamento das inspeções dos EUA, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que as sanções impostas pelos EUA e aliados aos voos russos, as restrições de vistos e outros obstáculos tornaram efetivamente impossível a visita de peritos militares russos aos locais de armamento nuclear norte-americano, dando a Washington "vantagens unilaterais".

Já esta terça-feira, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Ryabkov, referiu que a decisão de Moscovo foi desencadeada pela pressão de Washington a uma rápida visita por inspetores.

"Um aviso sobre a intenção dos EUA em realizar uma inspeção no nosso território nos próximos dias motivou a decisão", sublinhou, num comunicado publicado no 'site' do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

Após a decisão de Moscovo, o governo liderado por Joe Biden ainda não prestou uma resposta pública.

O porta-voz da ONU sublinhou ainda que "é responsabilidade de todos" que o New Start seja aplicado como um todo e alertou que esta situação ocorre num momento de especial tensão, em que a questão das armas nucleares volta a estar no centro das atenções.

Na semana passada, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou que o mundo está "a um único mal-entendido ou erro de cálculo da aniquilação nuclear".

O tratado New Start limita o número de armas nucleares estratégicas de cada país, com um máximo de 1.550 ogivas nucleares e 700 sistemas balísticos, e foi renovado por cinco anos logo após a chegada de Joe Biden à Casa Branca.

O Presidente norte-americano propôs este mês ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, começar a negociar "imediatamente" um novo tratado para substituir o New Start, que expira em 2026, oferta que por enquanto tem sido questionada pela Rússia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

A ONU confirmou que 5.401 civis morreram e 7.466 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 167.º dia, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

Leia Também: ONU alerta para avanço do Estado Islâmico apesar da perda de líderes

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