Maduro e Petro aproximam-se? Oposição venezuelana diz que sim
A oposição venezuelana disse sexta-feira que procura mecanismos para comunicar com o novo Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, mas questionou a sua decisão de aproximar-se do Governo de Nicolás Maduro, a quem acusa de ser ditador.
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Mundo Venezuela
"Estamos a procurar mecanismos formais de comunicação com o presidente e com o governo de Gustavo Duque. Até agora não o fizemos, para além de algumas reuniões informais", disse Juan Guaidó numa conferência de imprensa em Caracas.
O líder opositor sublinhou que "tinha esperado que o presidente Petro tivesse começado por prestar atenção aos mais vulneráveis, pela proteção a uma população migrante e refugiada [venezuelana] que foge de uma ditadura, das violações dos direitos humanos e da fome".
"Um presidente com uma ideologia de esquerda teria começado a falar e a proteger os mais vulneráveis, não [nomear] um ou outro embaixador, com um reconhecimento implícito de um ditador, que 'abona' na direção dos dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia [FARC], do Exército de Libertação Nacional [ELN], do tráfico de droga, de armas, de seres humanos e do contrabando, entre outras coisas", sublinhou o opositor.
Guaidó, que em 2019 jurou publicamente assumir as funções de presidente interino da Venezuela até afastar Nicolás Maduro do poder, explicou que a oposição respeita as decisões da Colômbia.
"Também respeitamos a soberania popular e é exatamente por isso que lutamos na Venezuela, para que haja eleições livres e justas para que o povo venezuelano possa decidir o seu futuro", acrescentou.
Guaidó insistiu numa "reflexão nessa direção, não simplesmente a nomeação de duas pessoas [embaixadores], uma em cada capital [Bogotá, Colômbia e Caracas, Venezuela]".
"Se vamos falar da Venezuela, temos de falar da proteção dos quase dois milhões de migrantes e refugiados [venezuelanos] na Colômbia", enfatizou.
Segundo Juan Guaidó, "o processo de paz na Colômbia terá também a ver com que a Venezuela, seja [ou não] um território seguro para os terroristas".
"Não estamos a falar apenas dos guerrilheiros ELN ou dos dissidentes (das FARC), estamos a falar do Irão, de que há um conflito em Buenos Aires por um avião embargado por vínculos com o terrorismo", frisou o político venezuelano.
Juan Guaidó fez "o primeiro pedido" ao presidente da Colômbia para que fale "de lutar pelos Direitos Humanos, de proteger as comunidades indígenas, de salvar o ambiente e o meio ambiente, de acabar com o ecocídio em curso que financia grupos irregulares como os dissidentes das FARC e o ELN".
Por outro lado, anunciou que a oposição estão pronta para retomar as negociações com o governo do presidente Nicolás Maduro, a quem acusou de colocar entraves para avançar, entre elas a libertação de Alex Saab (detido nos EUA) e da aeronave retida na Argentina.
A Venezuela e a Colômbia deram, quinta-feira, mais um passo rumo à normalização das relações diplomáticas, com a nomeação de embaixadores, após a tomada de posse de Gustavo Petro como novo presidente colombiano, no domingo.
Na quinta-feira, o presidente Nicolás Maduro, anunciou a nomeação de Félix Plasencia como novo embaixador na Colômbia, que "em breve estará em Bogotá".
Nesse mesmo dia Gustavo Petro anunciou a nomeação do ex-senador Armando Benedetti como representante colombiano em Caracas.
Caracas cortou relações diplomáticas com Bogotá em 2019, quando o então presidente colombiano, Ivan Duque, não reconheceu a reeleição de Nicolás Maduro e apoiou a proclamação do líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino.
Em 17 de outubro de 2021, o governo venezuelano suspendeu as negociações com a oposição, que decorriam desde agosto de 2021 no México, com a mediação da Noruega.
A suspensão ocorreu um dia após a extradição, de Cabo Verde para os Estados Unidos, do empresário colombiano Alex Saab, considerado um testa-de-ferro de Maduro.
O governo venezuelano nomeou Saab um dos representantes nas negociações e condicionou a retoma do diálogo com a oposição à sua libertação.
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