Afeganistão. Resistência aumenta diariamente contra violência dos talibãs

A resistência ao atual regime no poder no Afeganistão está a aumentar de dia para dia devido à "violência imposta pelos talibãs", que "roubam todos os direitos do povo", disse à Lusa fonte diplomática da oposição afegã.

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© Sanchit Khanna/Hindustan Times via Getty Images

Lusa
20/08/2022 08:13 ‧ 20/08/2022 por Lusa

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Afeganistão

"Os direitos humanos não existem no Afeganistão sob o regime talibã. São um grupo de pessoas selvagens e desumanas que não acreditam nos direitos das mulheres, na liberdade de expressão, na liberdade de imprensa ou diferentes crenças religiosas", realçou Mehran Aghbar, conselheiro do embaixador do Afeganistão no Tajiquistão, afeto à Frente Nacional de Resistência do Afeganistão (NRF, em inglês).

O regime talibã, de regresso ao poder no Afeganistão há um ano, é combatido, dentro e fora do país, por uma resistência "formada por várias etnias ou línguas", explicou o diplomata em entrevista telefónica à agência Lusa.

"Os talibãs conseguiram atingir diferentes setores do país, como os direitos das mulheres, defensores dos direitos humanos, pessoas da cultura e muito mais", frisou.

A NRF junta, assim, diferentes grupos de pessoas, afetadas pela violência e outras ações cometidas pelos talibãs.

Mehran Aghbar garante, de resto, que a resistência vai aumentar com o passar do tempo, devido à "violência imposta pelos talibãs".

A resistência militar do povo dentro do país e o ativismo do povo do Afeganistão fora do país fazem parte da resistência, explica.

Ao longo do último ano, os talibãs "enfrentaram pesadas baixas" em Panjshir, no norte do Afeganistão, e em muitas outras províncias como Andarab, Nooristan, Parwan, Takhar ou Kapisa, referiu Mehran Aghbar.

O ponto quente da resistência militar contra os talibãs situa-se em Panjshir, um vale de difícil acesso que é o 'coração' da resistência.

Para o diplomata, o combate contra os talibãs é importante para uma "mudança de regime necessária", porque no atual governo "não acreditam em eleições".

"O Afeganistão precisa de um governo e de uma liderança escolhidos pelo povo. As pessoas precisam de especialistas de diferentes setores a ajudarem a melhorar a economia, a segurança e muito mais", disse Aghbar à Lusa.

Mehran Aghbar salientou também que, mesmo antes dos talibãs regressarem ao poder, existia vontade de negociar acordos entre as partes.

"Concluímos que os talibãs só estão abertos ao uso da força, (...) pois tentámos trazer a paz através do diálogo e a resposta sempre foi negativa para nós", realçou.

O conselheiro de Muhammad Zahir Agbar, embaixador do Afeganistão no Tajiquistão, destacou ainda que os talibãs "traduziram a religião numa crença extremista na qual apenas eles acreditam", pretendendo "oprimir através do uso da força contra o povo".

Com o país "a recuar décadas" desde agosto de 2021, Mehran Aghbar lembrou o recente episódio, em que os talibãs "dispararam as suas armas" perante um protesto promovido por mulheres em Cabul.

"Cada comandante talibã é o seu próprio líder e a liderança dos talibãs até já admitiu que não tem nenhum tipo de controlo sobre a cadeia de comando inferior. Se não houver controlo sobre um bando de gente selvagem e desumana nas ruas, é óbvio que estes não respeitarão nenhum tipo de direito humano", alertou.

Leia Também: Afeganistão perdeu metade dos jornalistas num ano de governo talibã

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