Três soldados ucranianos acusaram, na segunda-feira, as tropas russas de tortura e pressão psicológica durante o período em que estiveram detidos. Em conferência de imprensa, citados pela agência de notícias Reuters, os soldados - detidos após a batalha por Mariupol, no leste da Ucrânia - revelaram que os russos queriam forçá-los a confessar crimes contra civis.
“Fui interrogado antes de começar a receber antibióticos após uma amputação de um membro”, explicou o soldado Władysław Zhajworonok, que perdeu a sua perna durante os confrontos. “Os tipos que lá estavam [na siderúrgica de Azovstal] foram torturados. Alguns tinham agulhas presas nas feridas, outros foram torturados com água, outros receberam tratamento inadequado”, acrescentou Zhajworonok, do Regimento Azov.
Já Denys Chepurko, também membro do Regimento Azov, que esteve detido numa prisão da autoproclamada República Popular de Donetsk, revelou que foi obrigado a despir-se e a agachar-se. “Queriam que testemunhássemos contra os nossos comandantes, que bombardeámos a cidade, queriam culpar-nos. Eu disse que não o faria. Eles começaram a bater-me com paus. Não assinei nada”, explicou.
O terceiro soldado libertado pelos russos, Dmytro Usychenko, acrescentou que foram ameaçados com “repressão física” para confessarem que mataram civis. “Ameaçaram-nos com repressão física, disparando... queriam que confessássemos que matamos civis, apesar de nada termos feito”, disse.
Sublinhe-se que o Supremo Tribunal da Rússia decretou, no início do mês, "organização terrorista" o batalhão ucraniano Azov, agravando a situação dos combatentes que foram feitos prisioneiros no sul da Ucrânia. De acordo com a legislação russa, os líderes de uma organização terrorista podem ser condenados a penas entre 15 a 20 anos de prisão, e os elementos que integram os grupos incorrem a penas de prisão entre cinco a dez anos.
Ainda ontem, soube-se que as autoridades separatistas pró-russas vão prosseguir com o julgamento dos militares ucranianos detidos no complexo siderúrgico de Azovstal.
Os efetivos do batalhão Azov estiveram presentes na defesa da cidade portuária ucraniana de Mariupol conquistada no passado mês de maio pela Rússia após um assédio militar que se prolongou durante vários meses e que começou praticamente após a nova invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro.
As últimas batalhas pela defesa da cidade travaram-se nas instalações da fábrica de produção de aço Azovtsal tendo os últimos defensores apresentado a rendição no mês de maio.
Leia Também: AO MINUTO: Zaporíjia teme "catástrofe"; Mais de 800 retirados de Kharkiv