Faz hoje cinco anos que se iniciou a perseguição e o êxodo de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças da minoria muçulmana rohingya, que fugiram da opressão do seu país de origem, Myanmar, e refugiaram-se naquele que é considerado o maior campo de refugiados do mundo, em Cox's Bazar, no Bangladesh.
Até à data, calcula-se que cerca de um milhão de refugiados, sendo que mais de metade são crianças, foram acolhidos nestes campos "temporários" e sobrelotados, sem qualquer solução à vista.
Segundo a OIM, os vários atores humanitários devem intervir e apoiar a ajuda do Governo do Bangladesh, que não pode e não deve suportar esta responsabilidade sozinho, para que os rohingyas possam ter as condições mínimas e dignas enquanto se encontram deslocados.
Em comunicado, a agência alerta para a existência nestes acampamentos de pessoas com necessidades específicas, com deficiências, famílias chefiadas por mulheres ou sem oportunidades de subsistência, mais vulneráveis para se submeterem a situações de perigo como o contrabando e o tráfico de seres humanos.
Estas redes criminosas empregam táticas diferentes para atrair refugiados para trabalharem fora do campo ou no estrangeiro e, de acordo com a OIM, em Cox's Bazar já foram identificadas mais de 1.300 vítimas de tráfico.
Para além das condições desumanas da maioria das instalações, o país atravessa agora a época de monções, que tem causado inundações históricas no nordeste do Bangladesh, e que poderão destruir as casas temporárias dos rohingya, feitas de lona e bambu.
Em 2021, o mau tempo chegou a afetar 30 mil pessoas, sendo que 19 mil destas perderam as suas casas.
A OIM, em colaboração com o Governo do Bangladesh, diz prestar os serviços básicos, como água, apoio higiénico, psicológico e proteção aos rohingya, implementando também iniciativas para mitigar os impactos das alterações climáticas no país.
De acordo com os Médicos Sem Fronteiras (MSF), que também assinalaram hoje a data, "nos campos de refugiados, os rohingyas têm acesso muito limitado a educação ou trabalho, o que gera impactos na saúde mental e um sentimento de desesperança".
"As necessidades de saúde, de água e saneamento e de proteção são enormes e avassaladoras", sendo que a organização recebe "um número cada vez maior de pessoas que precisam de tratamento para infeções de pele e doenças relacionadas com a água [não-potável], assim como doenças crónicas, como diabetes e hipertensão", adiantou a organização.
A opressão dos rohingya recua a 1978, quando um censo dividiu quem era cidadão de Myanmar e quem era do Bangladesh, sendo que mais tarde os indivíduos da minoria muçulmana foram encarados como estrangeiros até serem perseguidos e lhes serem retirados vários direitos.
Em 2015, Myanmar passou a considerá-los "intrusos" e dois anos depois, a 25 de agosto, implode uma campanha de limpeza levada a cabo por militares na província de Rakhine, no oeste do país, que matou vários rohingyas.
Foi neste dia que 700 mil rohingya fugiram do país para o Bangladesh, onde ainda lá permanecem.
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