Marrocos lamenta declarações de Borrell sobre conflito do Saara Ocidental

O ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, Naser Burita, lamentou hoje as declarações do Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, que na terça-feira defendeu que cabia ao povo sarauí decidir o seu futuro.

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Lusa
25/08/2022 18:17 ‧ 25/08/2022 por Lusa

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"Lamentamos estas declarações porque não refletem a posição da Espanha ou da União Europeia", disse Burita aos jornalistas numa conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga alemã, Annalena Baerbock.

Burita referia-se às palavras de Borrell numa entrevista dada à RTVE, na qual afirmou que se deve realizar "uma consulta para que seja o povo saaraui a decidir o seu futuro".

As declarações, elogiadas pela Frente Polisário -- o movimento revolucionário a favor da autonomia do Saara Ocidental --, foram amplamente noticiadas na imprensa marroquina e criticadas por políticos marroquinos.

Burita adiantou hoje ter tido "uma discussão aberta" com Borrell e acrescentou que o Alto Representante retificou mais tarde numa "entrevista dada à [agência noticiosa] EFE e numa declaração da diplomacia em Bruxelas" que "apoia os esforços das Nações Unidas", bem como valoriza os "esforços sérios e credíveis" de Marrocos.

Esta quarta-feira, Borrell desenvolveu a sua posição e defendeu que o problema do Saara "deveria envolver uma solução acordada entre as partes" e "no quadro das resoluções das Nações Unidas".

"Não estamos a expressar uma preferência quanto à forma como deve ser feito. Isso cabe a ambas as partes. E cabe em particular ao enviado especial do secretário-geral da ONU, que apoiamos no seu trabalho, o Sr. [Staffan] De Mistura", acrescentou o Alto Representante.

Relativamente às declarações iniciais do Alto Representante, o ministro marroquino disse esperar que tenham sido "um lapso da parte de Borrell" e, na conferência de imprensa de hoje, saudou o apoio da Alemanha ao plano de autonomia marroquina como solução para o conflito do Saara Ocidental.

A questão do Saara Ocidental, uma antiga colónia espanhola considerada pela ONU um "território não autónomo", há décadas que opõe Marrocos aos separatistas sarauís da Frente Polisário.

Rabat, que controla quase 80% deste território, propõe um plano de autonomia dentro da sua soberania. A Frente Polisário exige um referendo sobre a autodeterminação, sob a égide da ONU, planeado quando um cessar-fogo foi acordado em 1991, mas que nunca se concretizou.

Espanha defendeu durante muito tempo que o controlo de Marrocos sobre o Saara Ocidental era uma ocupação e que a realização de um referendo patrocinado pela ONU deveria ser a forma de decidir o futuro do território.

Leia Também: Marrocos congratula-se com mudança de Espanha quanto ao Saara Ocidental

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