Primeira-ministra da Sérvia visitou sérvios no norte do Kosovo

A primeira-ministra da Sérvia, Ana Brnabic, visitou hoje a antiga província sérvia no norte do Kosovo, que registou nas últimas semanas uma escalada de tensões entre a minoria sérvia e as autoridades kosovares.

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Lusa
05/09/2022 21:20 ‧ 05/09/2022 por Lusa

Mundo

Ana Brnabic

No final de agosto, Belgrado e Pristina concluíram um acordo histórico que permite a livre circulação dos seus cidadãos nos respetivos territórios, após difíceis negociações sob a égide de Bruxelas para acabar com as tensões.

Em julho, o norte de Kosovo, onde vive uma grande minoria sérvia, foi abalado pela violência, com o estabelecimento de barricadas e tiroteios contra a polícia de Kosovo.

A minoria sérvia do território protestou contra a decisão de Pristina de impor documentos de residência temporária aos sérvios que vão para o Kosovo, algo que Belgrado tem vindo a impor aos kosovares há anos.

Na cidade etnicamente dividida de Mitrovica, mil sérvios saudaram Brnabic com cartazes: "Temos apenas um chefe de governo" e "Bem-vindo à terra sagrada sérvia de Kosovo".

"Espero sinceramente que as instituições temporárias de Pristina se empenhem verdadeiramente no diálogo para encontrar as formas de compromisso necessárias para uma normalização de longo prazo dos laços entre Belgrado e Pristina", destacou Ana Brnabic numa conferência de imprensa, em referência ao governo do Kosovo.

"É algo de que precisamos, não apenas para a nossa integração europeia, mas para nós mesmos", acrescentou a governante, que lidera um país que é candidato à adesão à União Europeia há dez anos.

A delegação de Belgrado foi protegida por uma grande força policial, enquanto as patrulhas da operação de manutenção da paz da NATO no Kosovo (KFOR) estavam em grande número nas estradas.

Ana Brnabic, de 46 anos, visitou escolas, um mosteiro sérvio e conheceu agricultores durante a sua visita de um dia.

Belgrado nunca reconheceu a independência proclamada por Kosovo em 2008, uma década depois de uma guerra sangrenta que matou 13.000 pessoas, principalmente kosovares albaneses, e apenas terminou com ataques da NATO. Desde então, a região tem sido palco de atritos episódicos.

Belgrado nunca reconheceu a secessão do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra sangrenta iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997, que provocou 13.000 mortos, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os EUA, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência do Kosovo.

As partes estabeleceram ainda um prazo de dois meses para tentar resolver outra disputa, a decisão de Pristina de exigir que os sérvios de Kosovo substituam as matrículas sérvias nas suas viaturas por placas de Kosovo.

No domingo, o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, disse que França e Alemanha ofereceram ajuda para enviar emissários para facilitar as negociações com Pristina.

Após as últimas tensões, o chefe da NATO, Jens Stoltenberg, garantiu que os 3.700 membros da KFOR fariam o que fosse necessário para garantir a estabilidade.

Leia Também: NATO disse continuar "atenta" à situação de tensão entre Sérvia e Kosovo

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