O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, destacou que a recuperação das exportações de alimentos ucranianos pelo "corredor de cereais" teve um "efeito positivo na redução dos preços nos mercados", o que é "importante" para "amenizar" o impacto da crise alimentar na população dos países mais vulneráveis.
Segundo Kuleba, desde que o "corredor" foi aberto, os cereais ucranianos têm sido encaminhados para portos da China, Coreia do Sul, Djibuti, Egito, Iémen, Índia, Irão, Israel, Líbia, Somália, Sudão e Turquia, bem como para vários países da União Europeia (UE).
Kuleba sublinhou que a "agressão russa", que envolveu o bloqueio de portos ucranianos, bem como a destruição deliberada da infraestrutura agrícola e logística do país, "continua a ser a única razão para o agravamento da crise alimentar mundial" em 2022.
As declarações de Kuleba surgiram depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter afirmado que apenas uma pequena parte dos cereais ucranianos exportados vai para países mais pobres, enquanto a maioria é supostamente transportada para a UE.
As palavras de Putin foram secundadas pelo homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, um dos promotores do acordo de desbloqueio, que disse, já hoje, que os cereais estão a ser encaminhados "para os países ricos".
Segundo o Ministério das Infraestruturas ucraniano, a Ucrânia exportou quase 2,37 milhões de toneladas de produtos agrícolas até quarta-feira.
Em concreto, especificou o ministério, 54 navios (com 1,04 milhão de toneladas de cereais e sementes) chegaram a países asiáticos, 32 (0,85 milhões de toneladas) à Europa e 16 (0,47 milhões de toneladas) a África.
Dois navios fretados diretamente pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) foram também enviados com mais de 60.000 toneladas de trigo para portos do Iémen e da Etiópia.
O ministério salientou que já foram compradas outras 190 mil toneladas de cereais para posterior exportação para mais países africanos.
Além disso, exortou outros Estados e investidores privados a aderirem à compra de cereais para África, com o objetivo de aumentar significativamente o volume de abastecimento de produtos agrícolas.
Ainda segundo o ministério, qualquer declaração dos principais líderes políticos da Rússia que vise restringir as exportações de alimentos, cereais e sementes da Ucrânia constitui "um uso explícito da tragédia da fome para fins políticos".
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