Tribunal na Nigéria quer prender 10 celebridades por "conduta imoral"
Um tribunal islâmico no norte da Nigéria ordenou à polícia que prendesse 10 celebridades locais por "conduta imoral" nas redes sociais porque poderiam influenciar a juventude, noticia hoje a agência de notícias France-Presse (AFP).
© Lusa
Mundo Nigéria
De acordo com um funcionário judicial citado pela agência, os artistas, que incluem uma popular cantora de hip-hop, uma famosa atriz de cinema e oito influentes 'TikTokers', são acusados de cantar e dançar canções "imorais" e partilhá-las online.
Apesar da sentença, nove dias depois da decisão do tribunal islâmico ainda nenhum dos arguidos tinha sido detido: "Estamos à espera que a investigação policial esteja concluída antes de decidirmos o que fazer a seguir", disse Baba-Jibo Ibrahim.
A decisão do tribunal islâmico simboliza as medidas rigorosas frequentemente utilizadas pelas autoridades do norte da Nigéria, predominantemente muçulmano, para regular o conteúdo dos meios de comunicação social e das redes sociais e forçar os utilizadores a seguirem as tradições e normas religiosas.
A lei 'Sharia' funciona em paralelo com o direito penal e civil nos 12 estados do norte do país, de maioria muçulmana.
A cidade de Kano, no norte do país mais populoso da África subsaariana, é o lar de uma próspera indústria cinematográfica chamada 'Kannywood', que produz mais de 200 filmes por mês em Hausa, uma língua falada na região e em vários países da África Ocidental.
É também o lar de centenas de estúdios de música para artistas locais, que frequentemente falem nas suas obras de temas de amor, casamento e dinheiro.
'Kannywood' é vigiado de perto por clérigos e líderes muçulmanos que suspeitam da promoção de valores estrangeiros e não islâmicos, levando as autoridades a criar um conselho de censura que também escrutina as redes sociais, dada a sua distribuição generalizada.
"Não permitiremos que ninguém se esconda atrás da ubiquidade das redes sociais para espalhar conteúdos imorais", disse Ismail Na-Abba, chefe do conselho de censura de Kano, citado pela AFP.
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