Graça Machel pede gestão consciente dos recursos em benefício de todos
A ativista social moçambicana Graça Machel alertou hoje, na cidade da Praia, para os "riscos muitos grandes" da insurgência armada no norte de Moçambique e pediu uma gestão "plena e completa" dos recursos, em benefício de todos.
© Lusa
Mundo Moçambique
"Logo no início, quando se começou a falar do gás, nós sempre insistimos que não deveria transformar-se numa ameaça, mas infelizmente os riscos são muitos grandes", recordou a ativista, que está na capital de Cabo Verde a convite do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
Graça Machel participou, no sábado, em Tarrafal de Santiago, numa conversa com o chefe do Governo sobre questões de desenvolvimento, educação, igualdade de género e luta contra pobreza e hoje foi recebida pelo Presidente da República, José Maria Neves.
A antiga mulher do primeiro presidente moçambicano, Samora Machel, e viúva do líder histórico sul-africano Nelson Mandela, é ainda convidada especial do Instituto Pedro Pires para a Liderança (IPP) para conversar, hoje à tarde, sobre os desafios da liderança feminina.
O evento acontece hoje, dia do nascimento de Amílcar Cabral, em 1924, sendo que se fosse vivo faria 98 anos (foi assassinado em 20 de janeiro de 1973).
Instada a comentar o conflito armado no norte de seu país, disse que não é só a questão da insurgência, mas também da maneira como os recursos devem ser geridos.
"Com ou sem insurgência é preciso gerir os recursos com consciência plena e completa de que esses recursos são para servir todos e cada um dos moçambicanos", defendeu, considerando que é preciso mecanismos para permitir que todos os moçambicanos possam beneficiar dos recursos.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial, e na província de Nampula.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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