"A água está a apenas 12 metros da cidade", explicou hoje Shahnawaz Mirani, vice-comissário de Dadu, localizado na província de Sindh, uma das áreas mais afetadas desde meados de junho pelas piores inundações em décadas no país, citado pela agência Efe.
O aumento dos níveis de água em Sindh levou as autoridades na semana passada a romper a barragem do maior lago do país, precisamente para proteger as cidades de Sehwan e Dadu de inundações implacáveis.
Embora esta medida tenha conseguido impedir o aumento da água na região, "ainda há risco em Dadu", onde estão abrigadas mais de 200.000 pessoas deslocadas pela catástrofe, salientou Mirani.
O vice-comissário de Dadu alertou que a subida das águas na zona pode colocar em perigo a central de Dadu, porque se a água entrar nas instalações, "não só cortará energia em seis distritos, como também cortará energia em todo o país, uma vez que esta está ligada à principal linha de transmissão".
As equipas de socorro estão atualmente a fortalecer uma barragem circular construída em frente à central para desviar a água para o poderoso rio Indo.
No entanto, o medo está a aumentar entre os moradores de Dadu, que viram nas últimas semanas como as aldeias ao seu redor ficaram submersas pela água.
"Em algumas partes a água chega a 12 metros de altura e em outras a quatro metros de altura", referiu Mirani, que monitoriza com a sua equipa o terreno.
A situação levou centenas de moradores de vilas próximas a realizarem um protesto, culpando as autoridades por não fazerem o suficiente para garantir a sua evacuação antes de romper a barragem que inundou as suas casas.
"O governo sabia que todas as aldeias ao redor da cidade de Dadu estariam debaixo de água, mas não organizaram nossa evacuação", frisou um dos participantes no protesto à televisão local NewsOne.
A província de Sindh registrou 466% mais precipitação do que a média de 30 anos desde que a temporada de monções do Paquistão começou em meados de junho.
Quer o governo paquistanês, quer o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que visitou na sexta-feira e no sábado o Paquistão, atribuem às alterações climáticas estas chuvas sem precedentes na nação de 220 milhões de habitantes.
De acordo com o balanço oficial, mais de 1.400 pessoas, incluindo meio milhar de crianças, morreram desde meados de junho devido às inundações, 33 milhões foram afetadas, mais de um milhão de casas foram parcial ou totalmente destruídas e aldeias inteiras foram devastadas.
Estima-se que o prejuízo económico no país seja de 30.000 milhões de euros.
Leia Também: Inundações deixam Paquistão preocupado com proteção de central elétrica