O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apontou, na segunda-feira, que os ataques das forças russas às infraestruturas energéticas da Ucrânia são "sinais de desespero", apelando, por isso, à comunidade internacional para que acelere o fornecimento de sistemas de defesa área ao país, assim como a um oitavo pacote de sanções por parte da União Europeia (UE).
"[No domingo e na segunda-feira], o exército russo atacou a infraestrutura energética ucraniana. Centenas de milhares de ucranianos viram-se no escuro – sem eletricidade. Casas, hospitais, escolas, infraestruturas comunitárias... Os mísseis russos atingem precisamente os edifícios que não têm absolutamente nada a ver com a infraestrutura das Forças Armadas do nosso país", acusou, no seu habitual discurso noturno à nação.
Na ótica do chefe de Estado, "este é um sinal de desespero daqueles que iniciaram a guerra", sendo desta forma que "reagem à derrota das tropas russas na região de Kharkiv".
"Não podem fazer nada contra os nossos heróis no campo de batalha, e é por isso que a Rússia está a direcionar os seus ataques vis contra a infraestrutura civil", complementou.
Nessa linha, o presidente ucraniano apelou aos líderes “do mundo livre” para que fortaleçam a sua cooperação com a Ucrânia, de modo a “superar o terror russo”.
“A Rússia deve ser designada um Estado terrorista. Reforçar as sanções – é necessário o oitavo pacote de sanções da UE. É necessário aumentar a ajuda à Ucrânia, [e] acelerar o fornecimento de sistemas de defesa aérea ao nosso país”, considerou.
O presidente ucraniano acrescentou ainda que a Rússia promove um "terror de radiação" na central nuclear de Zaporíjia (Zaporizhzhya) devido à "presença de tropas russas na fábrica”, assim como às “constantes provocações e o bombardeamento do território da fábrica que colocaram a Ucrânia e a Europa à beira de um desastre radioativo".
Moscovo tem negado estas acusações e, na segunda-feira, acusou o exército ucraniano de estar a preparar uma "grande ofensiva" para recuperar a central nuclear.
Zelensky lamentou ainda que muitos cidadãos do mundo "estejam a sofrer devido ao doloroso aumento dos preços dos recursos energéticos, da eletricidade, do calor", assinalando ainda que o “terror da fome” levado a cabo pela Rússia é uma tática "muito cínica e completamente deliberada [...] não apenas dirigida contra os países pobres, como contra as regiões do mundo que podem originar uma nova vaga de refugiados em direção à Europa" e "provocar uma grave crise migratória".
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou esta terça-feira no seu 202.º dia, 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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