Médica ucraniana de Mariupol descreve episódios de tortura pelos russos

A mulher contou o que viu e viveu durante os três meses em que esteve detida pelos russos.

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Marta Amorim
16/09/2022 21:25 ‧ 16/09/2022 por Marta Amorim

Mundo

Ucrânia/Rússia

Uma médica ucraniana torturada pelas forças russas explicou como ela embalou outros prisioneiros enquanto eles morriam durante os seus três meses em cativeiro. 

O relato foi feito por Yuliia Paievska aos legisladores norte-americanos que pertencem à Comissão de Segurança e Cooperação na Europa – também conhecida como Comissão de Helsinque dos EUA.

A médica foi detida em março, depois de ter sido mandada parar numa operação de verificação dos documentos. . Antes de ser capturada, a médica conseguiu fazer chegar aos jornalistas da AP um micro cartão de memória com 256 gigabytes de imagens filmadas com uma câmara de corpo. Os vídeos mostram o dia-a-dia da sua equipa de salvamento, em Mariupol, quando esteve sob cerco russo. 

A tortura, conta, começava com os ucranianos a tirarem as roupas antes de serem agredidos. Yuliia recordou ainda como os detidos se ouviam durante semanas, “morrendo depois da tortura sem qualquer ajuda médica”, cita a AP.

Da sua experiência, lembrou que durante uma sessão tortura, um russo lhe perguntou “Sabes porque te fazemos isto?”, ao que a médica respondeu “porque podem”. Das vezes que pediu para ligar ao marido, responderam-lhe que andava a ver "muitos filmes americanos", e que não teria direito a chamada alguma. 

Como se o horror não fosse suficiente, a médica conta ainda que os torturadores incentivavam os prisioneiros -. ela incluída - a que se suicidassem. 

A médica referiu ainda um menino de sete anos que morreu no seu colo por não haver equipamento médico para salvá-lo, bem como um amigo a quem fechou os olhos “antes do corpo ter arrefecido”.

Segundo o autarca de Mariupol, pelo menos 10.000 pessoas desapareceram da cidade durante o cerco russo. O governo da Ucrânia diz ter documentado quase 34.000 crimes de guerra russos desde que a guerra começou em fevereiro.

O Tribunal Penal Internacional e 14 países membros da União Europeia também iniciaram investigações.

Leia Também: EUA. Antony Blinken acusa Rússia de atos "atrozes" na Ucrânia

 

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