Patrice Trovoada aponta fome como maior urgência em São Tomé e Príncipe
O candidato às eleições legislativas de São Tomé e Príncipe Patrice Trovoada (Ação Democrática Independente, oposição) apontou hoje a fome como a maior urgência do país e reiterou o pedido de maioria absoluta.
© Lusa
Mundo São Tomé e Príncipe
"Dia 25, se nos derem a maioria absoluta, vamos começar a trabalhar num programa de urgência. E a urgência é a fome. Não vamos continuar a aguentar assim. Temos de resolver o problema da fome. O custo de vida está muito alto. Temos de tomar medidas", afirmou o líder da ADI, no seu primeiro comício após o regresso ao país, onde chegou hoje ao início da tarde, num voo privado, depois de quase quatro anos de ausência.
A segunda urgência, disse, é "investir nas estradas, nas pontes", nomeadamente nos acessos às zonas de produção de agricultura, acrescentando: "As estradas também vão trazer emprego, porque o problema de muita gente é a falta de emprego".
"Queremos maioria absoluta para trabalhar, não para brigar. (...) Precisamos de um governo forte, para podermos pôr toda a gente a trabalhar na mesma direção", referiu o presidente da ADI, e ex-primeiro-ministro em três ocasiões, a última das quais entre 2014 e 2018.
Envergando 't-shirts' amarelas e azuis, as cores da ADI, e agitando bandeiras do partido e com a cara de Patrice Trovoada, os apoiantes enchiam a praça junto ao estádio 12 de Julho, na capital são-tomense, muitos vindos do aeroporto, numa comitiva que acompanhou o candidato ao longo de sete quilómetros, feitos a pé, de carro, em carrinhas de caixa aberta ou de bicicleta.
"Eu quero muito sinceramente agradecer a todos, a esse povo que foi ao aeroporto buscar-me a pé, de carro, de bicicleta, não sei se alguém foi de canoa. Queria dar uma palavra de solidariedade àqueles que durante a caminhada sofreram alguns danos. Essa nossa caminhada é sempre cheia de sacrifícios", comentou, antes de afirmar: "Hoje tentaram mandar alguns rapazes para fazer confusão, mas confusão não vai passar".
"O povo de São Tomé e Príncipe, vocês que me foram buscar, são o meu escudo, motivam a minha vontade de trabalhar e de continuar a servir São Tomé e Príncipe", acrescentou.
No seu discurso, Patrice Trovoada procurou desfazer o que disse serem "as mentiras" do atual Governo, apoiado pela 'nova maioria' no parlamento, composta por Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) e coligação PCD/MDFM/UDD.
"Primeira mentira. Alguns dizem que Patrice Trovoada durante quatro anos não está cá", comentou, afirmando que, durante o seu último mandato, houve duas tentativas de golpe contra si e o então Presidente da República Evaristo Carvalho, "uma delas claramente de assassínio".
"Nós fomos perseguidos, sem razão, só uma vontade política de nos eliminar", prosseguiu, recordando que o seu antigo ministro das Finanças, Américo Ramos, esteve "três meses na cadeia, inocente, a sofrer", e também o antigo membro do seu Governo Carlos Vila Nova, atual Presidente da República, foi "vítima de perseguição", tendo sido impedido de viajar para Portugal.
"Eu, sabendo que estamos com um Governo que dá ordem à Polícia Judiciária para perseguir as pessoas, mercenários que tentaram nos matar, preferi, perante as perseguições, pôr-me um bocadinho afastado. Mas eu não deixei São Tomé e Príncipe, não deixei o partido, não deixei o povo", garantiu.
"Estou cá para dar o meu contributo. Como é que eu podia virar as costas a vocês e dizer que não queria mais? Em 2018, fiquei um bocadinho chateado. Eu fiz tudo, carinho e tal, mas correram comigo. Mas eu não deixei de amar o povo", referiu, numa alusão às anteriores eleições legislativas, que venceu, mas sem a maioria absoluta que detinha antes e não conseguiu formar governo.
Patrice Trovoada deixou outra crítica à atual maioria: "Dizem 'nós estamos cá a sofrer, estamos a viver cá'. Ai é? Eles estão cá há quatro anos a resolver o problema dos camaradas. Resolveram problema do povo, do Príncipe?", perguntou, enquanto os apoiantes assobiavam.
Defendeu ainda que "o povo não quer ouvir mais mentiras, não quer ouvir mais críticas".
"O povo quer solução para lutar contra a fome, para ter uma melhor saúde, para ter estrada, para ter água, para ter luz, para ter bolsa de estudo, para ter casa, para ter sobretudo emprego", disse o candidato, cujo lema de campanha é "somos a solução".
O presidente da ADI afirmou ainda querer um Governo "para chamar todos aqueles que querem trabalhar para São Tomé e Príncipe, não só ADI", enquanto a multidão gritava "já ganhou".
Por outro lado, advertiu contra eventuais fraudes nas urnas: "Há muita batota a ser preparada. A única forma de vencermos é voto pesado, maciço, no ADI. Não vamos brincar com voto".
Enquanto aguardavam a chegada do líder do partido ao local do comício, os apoiantes cantavam: "Papai chegou, fome acabou" ou "Jorge, arruma a trouxa, Patrice chegou", dirigindo-se ao primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus.
"Vamos dizer para ele que a nossa relação acabou, que nós amamos ele, mas ele tem de ir descansar porque o nosso pai grande chegou", apelava, em cima do palco, um cantor.
Leia Também: Patrice Trovoada regressa a São Tomé no domingo após 4 anos ausente
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com