"Ainda há tempo de reparar o seu erro, camarada Ciro [Gomes]. Dirija-se agora mesmo aos seus seguidores e diga-lhes que a urgência da luta contra o fascismo não lhes deixa outra opção senão apoiar a candidatura presidencial de Lula", lê-se na carta assinada, entre outros, pelo argentino Adolfo Pérez Esquivel, Prémio Nobel da Paz, e pelo ex-presidente equatoriano Rafael Correa.

"Peça-lhes esse voto, crucial para derrotar na primeira volta o capitão [reformado do Exército e Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro] e seus esquadrões armados", acrescenta a carta, aberta a novas assinaturas nas redes sociais de intelectuais e que também foi assinada por personalidades como o sociólogo e escritor argentino Atilio Borón.

Ciro Gomes, candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PDT), de centro-esquerda, em terceiro lugar nas sondagens sobre as eleições presidenciais do Brasil, com cerca de 7% das intenções de voto, é ex-governador do estado do Ceará e antigo aliado de Lula da Silva, que lidera as sondagens com mais de 45% da preferências dos eleitores.

O ex-presidente brasileiro tem buscado apoio dos eleitores de Ciro Gomes em 02 de outubro, quando ocorrerá a primeira volta das presidenciais brasileiras, para garantir sua eleição como chefe de Estado sem a necessidade de uma segunda volta.

Até agora, Ciro Gomes se recusou a expressar apoio no caso de os brasileiros terem que decidir o seu Presidente numa segunda volta entre Lula da Silva e Bolsonaro, apoiado pela extrema-direita e cuja aspiração à reeleição, segundo as sondagens, conta com cerca de 31% dos eleitores.

"Sabemos que você foi um lutador das boas causas do povo brasileiro ao longo de sua vida. Por isso a perplexidade que nos leva a escrever-lhe esta carta e que nos move a enviar-lhe esta mensagem fraterna porque é incompreensível para nós, na atual situação brasileira, sua insistência em apresentar sua candidatura", asseguram os signatários da carta dirigida a Ciro Gomes.

Segundo os signatários, entre os quais se destacam também a senadora colombiana Piedad Córdoba, o ex-vice-presidente argentino Amado Boudou e a ex-presidente da Assembleia Nacional do Equador Gabriela Rivadeneira, a vitória de Lula da Silva é fundamental porque a disputa no Brasil é "entre o fascismo e a democracia."

"E você, um homem político, inteligente e com larga experiência atrás de você, sabe muito bem que sua candidatura não tem absolutamente nenhuma chance de chegar às urnas, muito menos vencer na primeira volta", acrescentam os signatários, como o ex-chanceler paraguaio Jorge Lara Castro, o deputado venezuelano Juan Eduardo Romero e o ex-ministro boliviano Juan Ramón Quintana.

"A dura realidade é que mantendo sua candidatura, caro camarada Ciro, a única coisa que você fará é dispersar forças, enfraquecer a força do bloco antifascista, com todas as suas contradições, facilitar a vitória de Bolsonaro e, eventualmente, abrir o caminho para um novo golpe militar", concluíram.

A eleição presidencial no Brasil tem a primeira volta marcada para 02 de outubro e a segunda, caso seja necessária, a 30.

Atualmente, 10 candidatos disputam as presidenciais brasileiras: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D'Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.

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