Apesar de o seu discurso ter sido gravado e transmitido virtualmente na Assembleia-Geral, a maioria das missões diplomáticas, juntamente com chefes de Governo e de Estado de todo o mundo, não ficaram indiferentes às palavras do líder ucraniano e aplaudiram as suas palavras.
Quem não se levantou, nem aplaudiu o discurso do presidente da Ucrânia foi, sem surpresa, a delegação russa, que assistiu ao momento de semblante fechado.
No seu pronunciamento, Volodymyr Zelensky afirmou que a decisão russa de mobilizar cerca de 300.000 reservistas demonstra que Moscovo está longe de pensar em negociações para pôr fim aos quase sete meses de guerra, mas insistiu que a Ucrânia irá sair vencedora na guerra.
"Eles [russos] falam sobre negociações, mas anunciam uma mobilização militar. Eles falam sobre as negociações, mas anunciam pseudo-referendos nos territórios ocupados da Ucrânia", disse.
"A Rússia quer guerra. É verdade. Mas a Rússia não será capaz de parar o curso da história", disse Zelensky, acrescentando que "a humanidade e a lei internacional são mais fortes" do que o que considerou ser um "Estado terrorista".
A Rússia ainda não falou na Assembleia Geral da ONU, estando previsto que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, discurse no próximo sábado.
O discurso de Zelensky foi marcante não apenas pelo conteúdo, mas também pelo contexto. Aconteceu após o anúncio da mobilização anunciada por Putin.
Por outro lado, foi a primeira vez que o Presidente ucraniano, trajando a habitual camisola verde, se dirigiu aos líderes mundiais desde a invasão da Rússia em fevereiro.
Zelensky defendeu que Moscovo esta a preparar as suas tropas para uma nova invasão no inverno e a preparar fortificações enquanto mobiliza mais tropas no maior conflito militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Estabelecendo várias "pré-condições para a paz" na Ucrânia, que às vezes chegam a prescrições mais amplas para melhorar a ordem global, o Presidente ucraniano pediu aos líderes mundiais que retirem à Rússia o voto nas instituições internacionais, bem como o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, argumentando com o facto de os "agressores precisam ser punidos e isolados".
Apesar de Zelensky não ter comparecido presencialmente a este importante evento das Nações Unidas em Nova Iorque, a primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, assistiu à transmissão do discurso na Assembleia-Geral, o qual também recebeu com aplausos.
Olena Zelenska, juntamente com o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmygal, foram recebidos na terça-feira pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, com quem abordaram o impacto da guerra na situação humanitária, direitos humanos e a segurança nuclear no país.
A semana de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas começou na terça-feira, na sede da ONU em Nova Iorque, e irá prolongar-se até à próxima segunda-feira, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa.
Esta é a primeira Assembleia Geral desde o início da guerra na Ucrânia e a primeira em formato presencial desde o início da pandemia.
O evento decorre sob o tema "Um momento divisor de águas: soluções transformadoras para desafios interligados", e terá como foco a guerra na Ucrânia e as crises globais a nível alimentar, climático e energético.
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