No último comício antes do escrutínio, a candidata favorita a tornar-se a próxima primeira-ministra de Itália insistiu nesta medida, uma das principais propostas dos Irmãos de Itália (FdI), de extrema-direita: fazer com que a eleição do Presidente italiano seja feita diretamente, por sufrágio universal, em vez de como é agora, por votação do parlamento.
"Faremos uma alteração no âmbito presidencial e ficaremos felizes se a esquerda quiser ajudar-nos, mas se os italianos nos derem os números necessários, também a faremos sozinhos", declarou Meloni, num enorme comício na Piazza del Popolo, no centro de Roma, ao lado dos seus dois parceiros de coligação: Matteo Salvini, da Liga, e Silvio Berlusconi, do Força Itália (FI).
Se o bloco de direita e extrema-direita obtiver uma maioria de dois terços nas duas câmaras do parlamento italiano - Câmara de Deputados e Senado -- nas eleições do próximo domingo, conseguirá fazer aprovar a forma como é eleito o chefe de Estado alterando a Constituição, sem ter de confirmar tal medida num referendo ao povo italiano.
A promessa de Meloni foi hoje condenada numa entrevista concedida ao jornal Corriere della Sera pelo dirigente do Partido Democrático (PD), Enrico Letta, que lidera o bloco de centro-esquerda que é o principal adversário à coligação de direita.
"Ontem, caiu a última máscara: eles querem rasgar a Constituição, de preferência sozinhos, e não fazem segredo disso. Impedi-los-emos de o fazerem", disse o ex-primeiro-ministro ao diário italiano.
Salvini também expressou reservas, sugerindo que um referendo talvez fosse uma boa ideia, mesmo que tecnicamente desnecessária se a coligação de direita obtiver uma grande maioria.
"Se eu tiver de mudar a Constituição, prefiro ter um acordo sobre as reformas, porque reformas impostas pela maioria no poder nunca vão longe", observou o dirigente da Liga.
"Se querem rever a Constituição, é vosso dever envolver todo o país, não apenas os partidos", acrescentou.
Também hoje, Giorgia Meloni apelou à "prudência" na sequência de declarações do líder da Liga, que disse que apresentará uma moção de censura contra a presidente da Comissão Europeia, alegando que Ursula von der Leyen prometeu tratar Itália como fez com a Hungria e a Polónia, se a direita vencer as eleições italianas e introduzir políticas nacionalistas e ameaçar os direitos civis.
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