Manifestantes defendem manutenção do direito ao aborto seguro em Itália

Milhares de italianos marcharam hoje em Roma, Milão e outras cidades em defesa do direito ao aborto, que muitos temem estar ameaçado por um partido de extrema-direita que venceu as eleições legislativas e deverá liderar o próximo Governo.

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Lusa
28/09/2022 20:57 ‧ 28/09/2022 por Lusa

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Aborto

Agitando faixas com frases como "O corpo é meu -- A escolha é minha" e "[Aborto] Seguro para todos", mais de 1.000 pessoas marcharam do bairro de Esquilino, em Roma, e pelo menos o mesmo número de pessoas partiram da Estação Central de Milão.

As marchas fizeram parte de ações nacionais a propósito do Dia Internacional do Aborto Seguro, que hoje se assinalou, e visaram enviar uma mensagem a Giorgia Meloni, líder do partido de extrema-direita Irmãos da Itália, que obteve o maior número de votos nas eleições de domingo (26%), de que os manifestantes não apoiarão nenhuma mudança na legislação de 1978.

Conhecida como Lei 194º, a legislação garante o acesso ao aborto.

Muitos dos manifestantes lembraram as restrições ao aborto adotadas em vários estados dos EUA depois de o Supremo Tribunal ter revogado o direito constitucional à interrupção voluntária da gravidez, uma legislação histórica que garantia o acesso ao aborto há décadas.

Segundo os organizadores do protesto, o partido de Meloni pode lançar "uma política de 'Deus, pátria e família'" -- uma referência ao seu manifesto político.

Isto pode levar à imposição de "rígidos papéis de género, e atribuindo às mulheres a tarefa de reprodução e crescimento de uma nação branca, patriarcal e heterossexual", disseram os organizadores no anúncio das manifestações contra a agenda de Meloni, que deverá tornar-se na primeira "primeira-ministro" de extrema-direita de Itália desde a II Guerra Mundial e na primeira mulher a ocupar o cargo.

O resultado das eleições deixou preocupados muitos veteranos de batalhas bem-sucedidas pelos direitos civis, incluindo o divórcio e o aborto, mas também os deputados que ainda lutam por liberdades como o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Talvez a mais celebrada ativista de direitos civis viva da Itália, Emma Bonino, admitiu, citada pela agência de notícias AP, estar preocupada com o futuro dos direitos civis em Itália.

Bonino perdeu o seu assento no Senado e será substituída por uma vereadora da cidade de Roma, Lavínia Munnino, que pertence ao partido Irmãos da Itália e defende as famílias "tradicionais" e condena os "lobbies" LGBTQ (comunidade lésbica, gay, bissexual e transgénero), tendo já sublinhando que a sua prioridade é aumentar a taxa de natalidade de Itália.

A Itália permite atualmente o aborto a pedido nas primeiras 12 semanas de gravidez e mais tarde se a saúde ou a vida da mulher estiver em perigo.

Leia Também: Giorgia Meloni garante a Kyiv apoio do novo governo italiano

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