A participar por videoconferência na quarta edição do Foro de La Toja-Vínculo Atlântico, que começou hoje e decorre até sábado na Ilha de La Toja, em Espanha, Dmytro Kuleba salientou que a vitória da Ucrânia é a "Única forma de preservar o estilo de vida e valores" ocidentais e que o presidente da Federação Russa "tem que ser parado".
Kuleba, que abriu o primeiro painel de conversa do evento com o homólogo espanhol José Manuel Albares, salientou, em várias partes do seu discurso, que Vladmir Putin tem um "enorme sentimento de impunidade" e que é preciso "acabar com o mito" da impossibilidade de vencer o exército russo.
"A Ucrânia vai dar todos os passos necessários [para a adesão à União Europeia], estamos empenhados nisso, em unir os nosso laços históricos e definir a fronteira da União Europeia a oriente. Tudo o que estiver depois desta fronteira não terá nada que ver cm a Europa, seja o que for que haja ali, não será Europa", disse.
O governante garantiu que "mesmo em guerra" a Ucrânia está a "fazer todos os esforços" para cumprir as exigências da União Europeia: "Apesar da guerra estamos a fazer reformas no parlamento para nos aproximarmos da União Europeia porque não podemos perder mais tempo", explicou.
Dmytro Kuleba, que lamentou que as "circunstâncias dramáticas" que a Ucrânia vive o tenham impedido de ir a Espanha, salientou que "este é um momento chave" para "defender o que é correto".
"Estamos a debater-nos com um monstro que está a atacar a Ucrânia, toda a frente norte atlântica está a ser afetada, a América do Norte, África, mas também a nível global, todos os países que defendem os Direitos Humanos estão a ser afetados. Todos estamos a ser ameaçados, as nossas fronteiras estão a ser ameaçadas", salientou.
Por isso, defendeu, "Putin tem que ser travado", disse Kuleba, deixando um apelo: "Só há um modo de proteger o nosso estilo de vida e os nossos valores, acabar com a impunidade, pôr a Rússia no seu lugar fazê-la prestar contas. Ele [Putin] tem-se safado, como na Geórgia, e sente-se impune", defendeu.
"Só conseguimos isso com a vitória da Ucrânia (...) Temos que conseguir que a Rússia seja culpabilizada pelos crimes que está a cometer e a única resposta correta é mostrar mais apoio à Ucrânia e reconhecer a Rússia como um estado terrorista", apontou.
Para Kuleva "é fundamental que se acabe com o mito que não se consegue vencer o exército russo".
O ministro de Volodymyr Zelensky agradeceu ainda ao congénere espanhol, também presente no debate, pelo apoio que Espanha tem dado à Ucrânia, salientando o não reconhecimento dos referendos que estão a ser feitos em alguns dos territórios ucranianos sobre a sua separação da Ucrânia.
"Agradeço as declarações que condenaram e não reconhecem os referendos que estão a ser feitos. Todos sabemos porque Putin está a fazer isto, qual o seu modelo. Está a perder no campo de batalha e está a lançar todas as cartas para meter medo", considerou.
Na abertura dos trabalhos, o chefe de Estado Espanhol, Filipe VI distinguiu o povo ucraniano com o prémio anual do Foro de La Toja e realçou que "a Espanha está com a Ucrânia".
Até sábado, vão passar pelos vários paneis do evento personalidades como os ex-primeiros ministros espanhóis Felipe González, Mariano Rajoy, o ex-presidente da Argentina Mauricio Macri, responsáveis por várias companhias europeias ligadas à energia e o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa.
Nesta quarta edição, o Fórum La Toja debruça-se sobre temas como a segurança energética na Europa, cibersegurança, inflação, desafios demográficos, coesão territorial, entre outros.
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