Os líderes separatistas dos quatro territórios ucranianos, Denis Pushilin (Donetsk), Leonid Pasechnik (Lugansk), Vladimir Saldo (Kherson) e Yevgeny Balitsky (Zaporijia), participaram na cerimónia de assinatura, que teve lugar no Salão de S. Jorge do Grande Palácio do Kremlin (sede da Presidência russa).
As quatro regiões representam cerca de 15 por cento do território da Ucrânia, ou cerca de 100.000 quilómetros quadrados, um pouco mais do que a dimensão de países como a Hungria e Portugal ou um pouco menos do que a Bulgária, segundo a agência espanhola EFE.
A Federação Russa, que tem mais de 147 milhões de habitantes, ultrapassará os 150 milhões com estas anexações.
Depois da assinatura, centenas de convidados aplaudiram, enquanto o líder russo apertava a mão aos quatro líderes pró-russos, e o hino russo foi tocado.
Após a última nota, Putin, Pushilin, Pasechnik, Saldo e Baliski juntaram as mãos e formaram um semicírculo para gritar "Rússia", segundo as imagens da TV russa transmitidas em direto.
O presidente do parlamento (Duma), Vyacheslav Volodin, a presidente do Senado, Valentina Matviyenko, membros do governo, deputados, senadores, líderes religiosos, governadores e outros convidados levantaram-se e juntaram-se ao grito.
A assinatura da anexação das quatro regiões do leste e sul Ucrânia, que a Rússia controla apenas parcialmente, seguiu-se a um discurso de Putin, que defendeu a "decisão inequívoca" dos cidadãos daqueles territórios, manifestada em referendo não reconhecidos por Kiev nem pela comunidade internacional.
Putin também apelou à Ucrânia para cessar imediatamente os ataques e comprometeu-se a defender o território russo com todos os meios.
O líder russo deu este passo após ter reconhecido a independência de Zaporijia e Kherson na quinta-feira, como fez, em 21 de fevereiro deste ano, com as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no Donbass (leste), três dias antes de ordenar a invasão da Ucrânia.
A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia, em março de 2014, também após um referendo realizado sob ocupação militar.
A anexação oficializada hoje ocorre no oitavo mês da guerra na Ucrânia e depois de as tropas russas terem sofrido derrotas significativas no norte e nordeste do país vizinho.
Putin anexou os quatro territórios ucranianos depois de ter decretado, em 21 de setembro, a mobilização parcial de 300.000 reservistas para reforçar as tropas russas na Ucrânia.
Passando a ser cidadãos russos, os habitantes das quatro regiões poderão ser mobilizados para combater as tropas ucranianas.
A Ucrânia e quase toda a comunidade internacional já anunciaram que não irão reconhecer a anexação.
Nem mesmo parceiros tradicionais de Moscovo, como a China, Índia e Sérvia, apoiaram a iniciativa de Putin.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou, na quinta-feira, que a anexação de territórios ucranianos pela Rússia não tem qualquer valor jurídico.
[Notícia atualizada às 15h05]
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