O diretor-geral da central nuclear de Zaporíjia (Zaporizhzhia), Ihor Murashov, foi detido por uma patrulha russa, segundo a Energoatom, a agência estatal ucraniana, responsável pela central.
A Energoatom referiu que Murashov foi detido a caminho da cidade de Enerhodar, proveniente da central, por volta das 16h (horário local) de sexta-feira.
"Ele foi levado de carro, com os olhos vendados, e conduzido numa direção desconhecida", disse a agência estatal ucraniana.
Numa declaração publicada no site da Energoatom, Petro Kotin, presidente da agência, indica que "Ihor Murashov é uma pessoa licenciada e tem a responsabilidade principal e exclusiva pela segurança nuclear e radioativa da central nuclear de Zaporizhzhya. A sua detenção pelos russos coloca em risco a segurança da operação da Ucrânia da maior central nuclear da Europa".
"Apelo ao Diretor Geral da AIEA [Agência Internacional de Energia Atómica] Rafael Grossi e ao Presidente da WANO [Associação Mundial de Operadores Nucleares], Tom Mitchell, para que tomem todas as medidas imediatas possíveis para libertar urgentemente o Diretor Geral da ZNPP do cativeiro russo e trazê-lo de volta para desempenhar suas funções", frisa o presidente.
Refira-se que Zaporíjia é uma das quatro regiões que foram anexadas pela Rússia após referendo, referendos esses que são rejeitados pela generalidade da comunidade internacional.
A Rússia não se pronunciou ainda sobre a acusação, tal como a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que tem técnicos na central, segundo a AP.
Risco de desastre nuclear
A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporíjia, que está ocupada por tropas russas.
A situação na central de Zaporijia tem causado preocupação generalizada desde o início da guerra, com ucranianos e russos a acusarem-se mutuamente de ataques contra o complexo, que podem causar um desastre nuclear.
Em 1986, quando integrava a antiga União Soviética, a Ucrânia sofreu o acidente nuclear mais grave de sempre no mundo, ocorrido na central de Chernobil.
O conflito atual na Ucrânia foi desencadeado pela invasão russa do país vizinho, em 24 de fevereiro deste ano.
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