Em comunicado emitido da sede da UA na capital etíope de Adis Abeba, o presidente da Comissão, Moussa Faki Mahamat, expressou "profunda preocupação com o ressurgimento de mudanças inconstitucionais de Governo no Burkina Faso e noutros lugares do continente africano".
Mahamat pediu às Forças Armadas do Burkina Faso que se abstenham "imediata e completamente de qualquer ato de violência ou ameaça" à população, às liberdades civis e aos direitos humanos.
O político chadiano também instou o exército a "garantir o cumprimento estrito dos prazos eleitorais para a restauração da ordem constitucional até 01 de julho de 2024".
No comunicado, publicado pela UA na sua conta na rede social Twitter, o presidente reafirmou o "apoio contínuo da União Africana ao povo do Burkina Faso, para garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento do país".
Mahamat também transmitiu o seu apoio à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que esta manhã também condenou o golpe.
Um grupo de soldados liderados pelo capitão do Exército burquinense Ibrahim Traoré levou a cabo um golpe, na sexta-feira, que derrubou o líder da junta militar que governava o país, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Em mensagem dirigida à nação na noite de sexta-feira, os perpetradores do golpe acusaram Damiba de se desviar do ideal do Movimento Patriótico de Salvaguarda e Restauração (MPSR), nome da junta que tomou o poder no golpe de 24 de janeiro, e de não acabar com a insegurança causada pelo terrorismo 'jihadista'.
Após um dia de confusão marcado por uma insurreição militar e tiros disparados em zonas estratégicas da capital, Ouagadougou, os autores do golpe anunciaram a suspensão da Constituição e da Carta de Transição.
Da mesma forma, os militares liderados por Traoré, o novo homem forte do país, decretaram a dissolução do Governo e da Assembleia Legislativa de Transição e instituíram um recolher obrigatório entre as 21:00 e as 05:00.
Os autores do golpe também ordenaram o encerramento das fronteiras nacionais e a suspensão de todas as atividades políticas e da sociedade civil.
O Burkina Faso tem sofrido frequentes ataques 'jihadistas' desde abril de 2015, cometidos por grupos ligados tanto à Al Qaeda quanto ao Estado Islâmico, cujas ações afetam particularmente o norte do país.
Em novembro de 2021, um ataque a um posto militar causou 53 mortes (49 militares e quatro civis), o que gerou grande descontentamento social que levou a fortes protestos, exigindo a renúncia do presidente burquinense, Roch Marc Christian Kaboré.
Meses depois, em 24 de janeiro, os militares liderados por Damiba tomaram o poder através de um golpe, o quarto na África Ocidental desde agosto de 2020, e depuseram o presidente.
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