São Tomé. ONU nas eleições quer garantir "boa tradição de democracia"

O representante especial das Nações Unidas para a África Central, Abdou Abarry, chegou, este domingo, a São Tomé e Príncipe para garantir que prevaleça "boa tradição de democracia e diálogo" na parte final das eleições legislativas, autárquicas e regional.

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Lusa
02/10/2022 20:06 ‧ 02/10/2022 por Lusa

Mundo

São Tomé

"Vim para recolher informações, porque, como sabem, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, segue com bastante atenção a evolução da situação política deste país e emitiu um comunicado em que felicitou o povo são-tomense pela sua maturidade política", disse o novo representante especial para das Nações Unidas (ONU) para África Central.

É a primeira vez que Abdou Abarry visita São Tomé e Príncipe após assumir as funções há mês. O representante especial do secretário-geral da ONU, António Guterres chegou à capital são-tomense num avião especial das Nações Unidas e foi recebido no aeroporto Nuno Xavier pelo coordenador residente da ONU, sem representantes do Governo são-tomense.

O representante da ONU realçou que as eleições legislativas, autárquicas e regional "decorreram bem" e "o país sempre foi um exemplo de democracia, de estabilidade", aguardando por isso "a proclamação dos resultados definitivos".

"Estamos para apoiar este processo de forma que a boa tradição de democracia, de diálogo, que sempre existiu aqui, que possa manter-se e prevalecer no seguimento destas últimas eleições", sublinhou Abdou Abarry em declarações a imprensa no aeroporto Nuno Xavier, em São Tomé.

Após uma semana da realização das eleições legislativas, autárquicas e regional, vive-se um clima de tensão política em São Tomé enquanto se aguarda a divulgação oficial dos resultados pelo Tribunal Constitucional.

Os dados provisórios da votação nas legislativas foram apresentados na segunda-feira à noite na sede da Comissão Eleitoral Nacional (CEN), na capital são-tomense, mais de 29 horas após o fecho das urnas, e, pela primeira vez, sem distribuição de mandatos, por partidos, o que motivou protestos de militantes da Ação Democrática Independente (ADI), que queimaram pneus perto das instalações da CEN, rodeadas por militares.

Segundo os dados da CEN a ADI, oposição, liderada pelo ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, foi o partido mais votado, com um total de 36.549 votos, e reivindica a maioria absoluta de 30 mandatos, enquanto o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus, foi o segundo partido mais votado, com 25.531 votos, a afirma ter elegido entre 22 e 24 deputados.

Após a conclusão do apuramento distrital e da diáspora presididas por magistrados o Movimento Basta (terceiro mais votado) juntou-se a MDFM/UL e A UDD apresentaram um pedido de coligação ao Tribunal Constitucional requerendo "que sejam aproveitados os votos de umas a favor de outra candidatura mais votada da referida coligação", no caso, o movimento Basta que passaria a contar com mais 2.332 votos do MDFM/UL e da UDD, subindo de 6.874 votos para 9.206 votos.

Questionado sobre a situação política são-tomense após as eleições, o representante especial das Nações Unidas referiu que os desafios são comuns em "quase todos os países africanos", não sendo "uma especificidade de São Tomé e Príncipe".

"Há três fases que são difíceis num processo eleitoral: a organização das eleições, com a mobilização necessária de meios, o desenvolvimento das eleições e depois o anúncio dos resultados. Em todas estas etapas, é necessário manter um olho vigilante, porque a primeira parte possa decorrer bem e a segunda não crie dificuldades a terceira fase", comentou Abdou Abarry

"É importante que a comunidade internacional esteja lá ao lado dos atores políticos nacionais para que da mesma maneira que tudo começou bem, que tudo termine da melhor forma possível", acrescentou o represente da ONU para a África Central.

É a primeira vez que Abdou Abarry visita São Tomé e Príncipe e afirmou que ficará no país o tempo necessário para garantir a conclusão pacífica do processo eleitoral.

"Se terminar hoje, poderei partir amanhã, se considerar que devo prolongar a minha estada, em função da necessidade da situação e dos atores políticos, não me privarei de permanecer tanto quanto necessário", disse Abdou Abarry.

Logo após a sua chegada o representante da ONU encontrou-se com o Presidente da República são-tomense, Carlos Vila Nova e "outros responsáveis institucionais, alguns atores políticos e quaisquer personalidades ou estruturas que sejam necessários para permitir uma boa compreensão da situação" pós-eleitoral em São Tomé e Príncipe.   

A Assembleia de Apuramento Geral das eleições legislativas de 25 de setembro reúne-se na segunda-feira, no Tribunal Constitucional.

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