"Temos de empurrar o nosso país com a nossa cultura. Temos um povo maravilhoso, com o coração mais bonito do mundo", disse a atriz à Lusa que tem como "meta de vida" realizar "um grande festival de cinema" na Guiné-Bissau.
Em Bissau para "beber da cultura original" do país que pretende ajudar, Babetida Sadjo será a única atriz guineense com trabalhos publicados na plataforma Netflix, onde falou também em crioulo da Guiné-Bissau, numa produção belga.
Nascida em Bafatá, no leste da Guiné-Bissau, em 1983, Babetida saiu do país com a família aos 12 anos para o Vietname e de lá para a Bélgica onde, em 2007 frequentou Arte Dramática, no Conservatório Real de Bruxelas.
Babedita iniciou o percurso artístico ainda em Hanói, no Vietname, no teatro escolar, género que continuou a desenvolver na Bélgica, já no âmbito profissional, antes de entrar para o mundo do cinema.
A atriz nascida na mesma terra do fundador das nacionalidades da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, considerou, em declarações à Lusa, que um dos pontos altos da sua carreira é a sua participação na série televisiva Into The Night.
Babetida lembra "com muito orgulho" o facto de ter falado o crioulo da Guiné-Bissau nessa série que contou com duas temporadas na primeira produção belga naquela plataforma de streaming.
"A cena em que falei o crioulo deu-se num momento em que os personagens tinham de falar a sua língua. Éramos de diferentes países. Disseram-me que a minha personagem tinha vindo da Bélgica. Disse-lhes que não. Que eu vim da Guiné-Bissau e falei por breves instantes o meu crioulo", enfatizou Babetida Sadjo.
A atriz guineense foi considerada pela rádio australiana Power100 uma das 100 personagens negras mais influentes da Lusofonia e ainda uma das mais proeminentes atrizes da sua geração, uma distinção feita pela plataforma cultural online Bantumen.
Mesmo com todas as distinções, Babedita disse que nunca se esqueceu das suas origens, procurando levar consigo o nome e a cultura da Guiné-Bissau.
Babetida está em Bissau para contactos com pessoas do mundo da sétima arte que a própria considera incipiente, mas "com um potencial enorme" e também com as autoridades às quais quer apresentar a ideia de um festival.
Paralelamente, a atriz nascida em Bafatá está em contactos com as mulheres para produzir e apresentar uma peça de teatro em Bissau e ainda a escrever o seu próximo filme, já que decidiu também contar histórias que a façam "beber da cultura" da Guiné-Bissau e mostrá-la ao mundo.
"Estou a andar por Bissau. No outro dia fui ao mercado do Bandim, fui à Chapa de Bissau e quando regressei ao hotel escrevi neste dia 10 páginas. É muito diferente escrever um filme sobre a Guiné-Bissau a partir da Bélgica por exemplo. Aqui sentes o cheiro dos locais, do ambiente, olhas e tocas nas pessoas", sublinhou Babetida Sadjo.
Longe da produção que passa na Netflix, apenas acompanhado de um familiar, Babetida diz que se sente à vontade nos locais onde tem visitado, ainda que praticamente ninguém a conheça naqueles meios.
"Tiro os saltos altos, tiro o bâton e essas coisas, ponho os meus chinelos no pé e visto uma roupa nossa e está tudo bem", observou a atriz, mãe de duas crianças que um dia gostaria de trazer à Guiné-Bissau sobretudo para conhecerem a sua Bafatá natal.
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