Kremlin consulta civis sobre fronteiras de regiões anexadas ilegalmente
A presidência russa vai consultar a população das regiões ucranianas de Kharkiv e Zaporijia, anexadas na semana passada após um referendo condenado pela comunidade internacional, para definir as suas fronteiras, anunciou hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
© KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP via Getty Images
Mundo Ucrânia
Segundo o representante do Kremlin, a Rússia reconhece as fronteiras das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk - também anexadas na sexta-feira passada - com base nas estabelecidas em 2014, quando o conflito ucraniano começou, mas em Kharkiv e Zaporijia "será consultada a população".
Questionado pela imprensa sobre se os territórios das regiões de Kharkiv e Zaporijia controlados pelo exército ucraniano são territórios russos, Peskov escusou-se a responder, afirmando apenas que "não tinha nada a acrescentar".
O porta-voz da presidência russa também decidiu não dar pormenores sobre a forma como serão feitas as consultas aos habitantes dessas regiões.
"Agora não posso responder à pergunta. Sem dúvida, a configuração [das fronteiras] dependerá apenas da vontade das pessoas que vivem nesses territórios", disse, acrescentando que não estão previstos, para já, novos referendos nos territórios das regiões controladas por Kiev.
A Duma ou Câmara dos Deputados da Rússia vai ratificar hoje as leis de anexação assinadas pela Federação Russa com os líderes pró-russos das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kharkiv e Zaporijia.
Além destas leis, foram ainda enviadas, no domingo, à Duma os projetos de lei constitucionais para a entrada desses territórios no Estado russo.
De acordo com os documentos, nestas quatro regiões a língua oficial será o russo, embora seja permitido o uso do ucraniano, enquanto a moeda nacional passa a ser o rublo e as quatro regiões manterão os seus nomes.
Moscovo anunciou a anexação das quatro regiões da Ucrânia, na sequência de referendos realizados entre 23 e 27 de setembro e cujos alegados resultados terão mostrado uma adesão quase total da população à sua incorporação na Rússia.
Nem a Ucrânia nem a comunidade internacional reconhecem as anexações.
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