O encontro entre António Costa, Olaf Scholz e Pedro Sánchez vai realizar-se na sexta-feira da próxima semana, à tarde, e na reunião será abordado o "abastecimento energético e a violação do Direito Internacional por parte da Rússia contra a Ucrânia e questões da reconstrução do país", segundo afirmou um porta-voz do executivo alemão, Wolfgang Büchner, citado pela agência de notícias EFE.
Serão ainda abordadas "questões de política europeia e de política internacional, entre elas, a preparação da cimeira do Conselho Europeu em Bruxelas dos dias 20 e 21 de outubro", revelou o Governo alemão.
Esta reunião - que coincide com a realização do congresso dos Socialistas Europeus em Berlim, nos dias 14 e 15 de outubro - surge depois de Scholz ter manifestado apoio ao projeto do novo gasoduto nos Pirenéus, para ligar a Península Ibérica, ao resto da Europa, em linha com as pretensões de Portugal e Espanha, mas que conta com a oposição de França.
Olaf Scholz manifestou na quarta-feira passada "apoio de forma explícita" a um novo gasoduto nos Pirenéus e afirmou não ter "a impressão" de o projeto estar excluído por parte de França.
Scholz defendeu na mesma ocasião que a construção deste gasoduto, conhecido como MidCat, é um "elemento fundamental" para garantir o abastecimento energético dos países da UE mais dependentes de gás russo.
O chanceler alemão falava numa conferência de imprensa ao lado do homólogo espanhol, Pedro Sánchez, no final de uma cimeira hispano-alemã que ocorreu esta semana na Corunha.
O líder alemão destacou ainda que este projeto tem uma perspetiva de longo prazo e que, para além do transporte de gás no imediato, servirá para fornecer outras energias, como hidrogénio, no futuro.
Na quinta-feira, em Praga, o Presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a manifestar a sua oposição ao novo gasoduto, argumentando que a Europa deve sim investir nas interconexões elétricas.
Questionado sobre o assunto à chegada a Praga, palco hoje de uma cimeira informal de líderes da UE, Macron referiu que as atuais ligações são subutilizadas, sendo que até é a França que exporta gás para Espanha, e voltou a opor-se a um projeto que levaria "cinco a oito anos" a concretizar, mantendo a Europa muito dependente das importações de gás de países terceiros.
Pedro Sánchez, por seu turno, voltou a afirmar na quarta-feira, ao lado de Scholz, que estão em causa compromissos assumidos por Portugal, Espanha, França e a Comissão Europeia em cimeiras em Madrid, em 2015, e em Lisboa, em 2018.
O primeiro-ministro espanhol acrescentou que "o grande paradoxo" é que a Península Ibérica, por falta dessas ligações para transporte de energia, é uma "ilha energética", mas Portugal e Espanha estão sujeitos à regulação europeia.
"O que a Península Ibérica pede é para estar integrada no mercado energético", sublinhou, considerando que isso seria positivo para França, para a Alemanha e para todos os europeus, pela "maior tranquilidade" que daria haver "mais alternativas energéticas".
Esse "corredor" para transporte de hidrogénio e gás "é algo que não compete a uma questão bilateral entre a Península Ibérica e França", mas "um problema, um desafio e um compromisso europeu", disse o primeiro-ministro espanhol.
"Se o entendermos como europeu estou convencido de que poderemos encontrar a solução mais adequada e mais rápida", afirmou.
Scholz defendeu pela primeira vez, em agosto passado, a construção de um gasoduto pan-europeu, para ligar a Península Ibérica, desde Portugal, ao resto da Europa.
Em 22 de setembro passado, em entrevista à Lusa em Bruxelas, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus de Portugal, Tiago Antunes, afirmou que o Governo português ainda acredita que será "possível convencer a França" a permitir interligações desde a Península Ibérica para o fornecimento de gás, e mais tarde hidrogénio, à Europa, mas admitiu como alternativa uma ligação através de Itália, por via marítima.
Contudo, na mesma altura, Tiago Antunes admitiu que "há neste momento um outro cenário que está a ser estudado, que é a hipótese de uma ligação direta entre Espanha e a Itália, por via marítima".
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