Sánchez garante diálogo com governo catalão seja qual for "a conjuntura"
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, garantiu hoje uma "aposta inequívoca pelo diálogo" com o governo da Catalunha, seja qual for o desfecho da rutura entre os dois partidos independentistas da atual coligação no executivo regional.
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Mundo Pedro Sánchez
Sánchez afirmou que, "seja qual for a circunstância" ou "a conjuntura" no governo regional catalão, o executivo central de Espanha que lidera terá "sempre a mão estendida para o diálogo", com vista ao "reencontro dentro da sociedade catalã".
É uma "aposta inequívoca pelo diálogo", tanto do Governo central, como "do socialismo espanhol" e "do socialismo catalão", afirmou Sánchez, que lidera o partido socialista de Espanha (PSOE), quando questionado pelos jornalistas em Praga, no final de uma cimeira informal de líderes da União Europeia (UE), sobre o resultado de uma consulta aos militantes do Juntos pela Catalunha (JxCat), que votaram maioritariamente pela saída do partido do governo regional.
O primeiro-ministro espanhol sublinhou a "importância do valor da estabilidade" em todos os governos, incluindo o catalão, "em momentos tão difíceis", com a guerra na Ucrânia, a subida dos preços ou os impactos da pandemia de covid-19.
"Defendo essa estabilidade", afirmou Sánchez, que considerou haver "muito pela frente para proteger a classe média catalã e do resto do país", mas remeteu para o partido socialista da Catalunha a decisão sobre a viabilização de um governo minoritário da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), sem o JxCat.
Os militantes do partido independentista JxCat votaram maioritariamente pela saída da coligação do governo regional catalão numa consulta promovida nos últimos dois dias, anunciou hoje a direção da força política.
O JxCat, o partido do ex-presidente do governo regional Carles Puigdemont, protagonista da tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017, integra a atual coligação no executivo regional com a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), também independentista, desde maio de 2021.
Depois de uma rutura entre os dois partidos na semana passada, por desentendimentos no caminho a adotar com vista à independência da Catalunha, o JxCat decidiu perguntar aos militantes se deveria continuar no governo regional.
Segundo os dados divulgados hoje, 55,73% dos militantes que votaram, numa consulta que foi feita digitalmente, optaram pela saída do JxCat do executivo regional catalão (também designado como Generalitat).
Votaram pela permanência no governo regional 42,39% dos militantes e 1,88% optou pelo voto em branco.
Participaram na consulta 79,18% dos 6.465 militantes do partido.
A direção do partido anunciou uma reunião para hoje, a decorrer desde as 17:30 locais (menos uma hora em Lisboa), para decidir o que fazer a seguir.
A ERC já rejeitou "rotundamente" eleições antecipadas no caso de o JxCat abandonar o governo regional.
Quem ganhou as eleições catalãs de 2021 foi o Partido Socialista, mas sem maioria absoluta, pelo que uma aliança entre ERC (o partido mais votado) e JxCat (que ficou em terceiro lugar nas eleições) acabou por formar o atual governo de independentistas.
O líder dos socialistas catalães, Salvador Ila, em declarações a jornalistas em Barcelona na semana passada, não quis pronunciar-se sobre se será preciso haver eleições no caso de o JxCat deixar o governo regional por considerar que é necessário, primeiro, "ouvir" o presidente da Generalitat, Pere Aragonês, da ERC.
"Não é um momento de aventuras" e se a ERC "quer governar em minoria" sem ter ganhado as eleições, terá de "explicar como quer fazê-lo e com quem", disse então Illa.
ERC e JxCat são dois partidos independentistas, mas a Esquerda Republicana da Catalunha é mais moderada e defende que o caminho para a independência deve ser o do diálogo com o Governo central de Espanha, atualmente liderado por Pedro Sánchez, com quem deve ser negociada a realização de um novo referendo.
O Governo de Pedro Sánchez tem o apoio, no Congresso dos Deputados (o parlamento nacional), da Esquerda Republicana da Catalunha, e aprovou, em junho de 2021, indultos para nove líderes independentistas catalães que estavam a cumprir penas de prisão por causa da declaração unilateral de independência e a realização do referendo de 2017.
Poucos dias depois dos indultos, o Governo espanhol e o executivo regional catalão anunciaram o reatamento do diálogo "sobre o conflito político entre os dois governos", nas palavras de Aragonès.
Nesta mesa de diálogo só se senta, do lado catalão, a ERC, que decidiu que o JxCat só teria um lugar se nomeasse um membro do governo regional, algo que o partido recusou.
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