"Pediu-me para eu me demitir, e eu aceitei", escreve na carta de renúncia, apesar de continuar a insistir que a economia britânica precisa de reformas para crescer.
Consciente de que a situação no país era "incrivelmente difícil" devido ao aumento das taxas de juro e preços da energia, Kwarteng diz que acreditou na "visão de otimismo crescimento e mudança" de Truss.
Porém, também aceita que "o ambiente económico mudou rapidamente" desde a apresentação do plano de crescimento a 23 de setembro e disse ser importante o governo enfatizar o compromisso com a disciplina fiscal.
Kwarteng encurtou uma visita aos Estados Unidos e regressou hoje a Londres, onde o governo britânico tem estado sob pressão para alterar o controverso "mini-orçamento" apresentado há apenas três semanas.
A notícia da demissão iminente já tinha sido avançada pela comunicação social britânica ainda antes da chegada do ministro a Downing Street, onde Kwarteng foi recebido pela primeira-ministra pelas 12:00.
— Kwasi Kwarteng (@KwasiKwarteng) October 14, 2022
O gabinete de Truss anunciou uma conferência de imprensa para cerca das 14:00, sem esclarecer o motivo.
Kwarteng tinha excluído a demissão, na quinta-feira numa declaração em Washington, afirmando que não "ia a lado nenhum" e que estava "totalmente focado na concretização do plano de crescimento".
Porém, a pressão dentro do Partido Conservador para o Governo recuar em algumas das medidas anunciadas, nomeadamente cortes fiscais, terá levado Truss a agir.
Na origem da crise está um plano para estimular a economia que, juntamente com medidas para congelar os preços da energia, incluiu um grande pacote de cortes fiscais totalmente financiados por endividamento.
O risco de um aumento insustentável da dívida pública foi mal recebido pelos mercados financeiros, o que resultou na desvalorização da libra e subida dos juros sobre a dívida britânica e do crédito à habitação.
O Banco de Inglaterra foi forçado a intervir no mercado obrigacionista, o que ajudou a estabilizar a libra e a dívida, mas o plano do governo britânico foi criticado pelo FMI devido ao risco de agravar a inflação, e as agências Fitch e Standard and Poor's reduziram de estável para negativo o 'rating' do Reino Unido.
O ministro já tinha sido obrigado a antecipar a apresentação do "plano fiscal a médio prazo" para 31 de outubro, mas vários deputados do Partido Conservador continuaram a pressionar para que fossem anunciadas medidas mais cedo para acalmar os mercados financeiros.
Kwasi Kwarteng, empossado em 06 de setembro logo após a entrada de Liz Truss, torna-se assim o ministro das Finanças com o segundo mais curto mandato na história, apenas 38 dias.
O Conservador Iain Macleod foi aquele que esteve menos tempo no posto porque morreu de ataque ataque cardíaco 30 dias depois de ter assumido o cargo, em 1970.
[Notícia atualizada às 13h49]
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