FMI avança para alívio da dívida da Somália
Uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) decidiu na segunda-feira continuar a ajudar a Somália a combater a crise alimentar, através do alívio da dívida face às reformas empreendidas.
© Lusa
Mundo Somália
"Embora a estabilidade política tenha melhorado desde as eleições de maio de 2022, as perspetivas da Somália são obscurecidas pela seca persistente, o impacto da guerra da Rússia na Ucrânia e as preocupações de segurança", resumiu num comunicado Laura Jaramillo, chefe da missão do FMI, após conversas com as autoridades somalis.
O próximo passo será a aprovação por parte do Conselho de Administração do FMI do acordo alcançado no final da missão.
Laura Jamarillo sublinhou que a Somália conseguiu preservar a estabilidade macroeconómica do país e prosseguir as reformas necessárias, apesar dos choques externos, respeitando assim as condições para obter ajuda internacional.
Mas o país da África Oriental precisa de ajuda urgente para combater a insegurança alimentar, insistiu a dirigente do FMI.
"A ajuda humanitária em grande escala evitou uma situação ainda pior, mas as áreas mais afetadas continuam sob o controle do [grupo fundamentalista] Al-Shebab que está a dificultar a ajuda (...). O apoio contínuo dos parceiros internacionais é imperativo", disse Jamarillo.
Em fevereiro de 2020, observando o progresso nas reformas fiscais, políticas, sociais e económicas, o FMI e o Banco Mundial anunciaram que a Somália agora era "elegível" para um programa conjunto para aliviar a dívida dos países mais pobres.
No mês seguinte, o Conselho de Administração do FMI aprovou um acordo de financiamento no valor de 395,5 milhões de dólares (402,2 milhões de euros), válido por três anos.
O Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, declarou uma "guerra total" a 23 de agosto para "eliminar" o Al-Shebab, cujos membros tinham antes apreendido um popular hotel em Mogadíscio durante 30 horas e matado 21 pessoas.
O Al-Shebab, um grupo filiado desde 2012 na rede Al-Qaida, realiza frequentemente ataques em Mogadíscio e em outras partes da Somália para derrubar o governo central - apoiado pela comunidade internacional - e estabelecer pela força um Estado islâmico (ultraconservador) de estilo Wahhabi.
O grupo fundamentalista controla áreas rurais no centro e sul da Somália e também ataca países vizinhos como o Quénia e a Etiópia.
A Somália encontra-se em estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um governo eficaz e nas mãos de milícias e senhores da guerra islâmicos.
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