"Será um processo que beneficiará também a União Europeia porque é uma verdadeira oportunidade de reconquistar a liderança nesta parte do mundo. E também afastar algum ceticismo que tem crescido durante décadas sobre a capacidade da União europeia", adiantou o diretor executivo da IRF em declarações à Lusa.
Oleksandr Sushko é um dos participantes na conferência internacional de peritos sobre a recuperação, reconstrução e modernização da Ucrânia, organizada pela Comissão Europeia e a Presidência alemã do G7, em estreita colaboração com o governo da Ucrânia, que decorre na próxima terça-feira, em Berlim.
"Ouvimos Olaf Scholz dizer que a Alemanha está pronta para liderar este processo no seio da União Europeia. Agora é o momento de ver exatamente o que está detrás dessa intenção, perceber como vai ser a atuação, como estará organizada, como será dirigida, e quais os recursos financeiros alocados a este processo", sustentou.
Sushko, marcará presença no evento como um dos representantes da sociedade civil, um "elemento-chave", considera, para o êxito do processo de recuperação da Ucrânia.
"Na resistência à agressão russa, a sociedade civil tem tido um papel muito significativo, às vezes até inusual numa guerra (...) E não há apenas vontade e motivação (em fazer parte do processo de recuperação), há verdadeiros conhecimentos e capacidade de contribuir com experiência, energia, recursos humanos", sublinhou, acrescentando que só desta forma será possível um processo legítimo.
O diretor executivo da IRF, fundação criada em abril de 1990 em Kyiv, pouco antes da Ucrânia se tornar independente da União Soviética em agosto de 1991, acredita ser necessário continuar a discutir o tema da ajuda militar dada ao país.
Apesar de esse não ser o tema principal da conferência, "não será possível ignorá-lo".
Da conferência, Oleksandr Sushko espera ouvir uma "estratégia" que possa incluir "medidas a curto prazo, mas também visões e compromissos a longo prazo" baseadas na confiança entre as partes envolvidas.
"Deve haver uma visão de longo prazo, baseado numa estratégia consistente, que inclui a Ucrânia como membro da União Europeia (...) não vai ser barato, por isso é importante uma cooperação consistente entre os intervenientes locais e globais", apontou.
"Esta conferência servirá, possivelmente, para organizar da melhor forma a cooperação de todos os intervenientes no processo, que abertamente declararam a intenção de apoiar a Ucrânia a vencer a guerra e a recuperar", realçou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU indicou na sexta-feira que, desde 24 de fevereiro, a guerra já fez 15.956 vítimas civis: 6.322 mortos e 9.634 feridos.
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