Nova forma de guerra. Por que quer a Rússia deixar a Ucrânia às escuras?
Entenda como os ataques das tropas russas podem afetar a população civil.
© REUTERS
Mundo Ucrânia/Rússia
Depois das centrais nucleares, as instalações elétricas. A Rússia voltou a atacar, este sábado, infraestruturas elétricas na Ucrânia, deixando mais de um milhão de habitações sem energia. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já veio garantir que os ataques russos à rede elétrica do país não impedirão o avanço das tropas para recuperar os territórios ocupados. Contudo, a nova estratégia de Moscovo parece afastar cada vez mais a possibilidade de uma resolução pacífica para o conflito.
Esta semana, o próprio presidente ucraniano confirmou que cerca de 30% das centrais elétricas do país foram destruídas num espaço de oito dias.
Nas palavras do chefe de Estado ucraniano, tem sido realizado um "outro tipo de ataques terroristas russos: a destruição da infraestrutura crítica e energética ucraniana".
A estratégia vem sendo seguida pela Rússia nos últimos dez dias e já nos permite ver imagens de várias cidades mergulhadas na escuridão. Mas qual o objetivo de Moscovo com esta estratégia?
Atingir a população civil
À medida que a contraofensiva ucraniana ganha terreno, Vladimir Putin opta pela estratégia do terror, deixando a população "refém".
Há uma semana, depois de ter efetuado bombardeamentos em grande escala um pouco por toda a Ucrânia, o país voltaria a acordar sob vários ataques contra alvos militares e instalações de energia.
"Hoje, as forças armadas russas continuaram a realizar ataques maciços com armas de longo alcance e de alta precisão a partir de bases terrestres e marítimas contra locais militares e instalações elétricas na Ucrânia", disse o porta-voz do ministério da Defesa russo, garantindo que os objetivos tinham sido alcançados.
Sem precisar o número de ataques nem os locais visados, o porta-voz militar disse que os objetivos foram alcançados.
Minar a resistência ucraniana
Saudados desde o início da guerra pela sua perseverança, os ucranianos têm sido elogiados pela coragem e pelos avanços no terreno, pelo que é natural que o objetivo dos russos passe por quebrar essa resistência, causando pânico e pavor entre a população, que se prepara para enfrentar um inverno rigoroso.
Se não houver eletricidade, o funcionamento dos hospitais, das escolas e dos transportes – essenciais para retirar as populações de regiões afetadas – fica comprometido.
Em Kyiv, o autarca Vitaly Klitschko já teve que instalar geradores para manter a eletricidade em certos lugares estratégicos.
A nova arma de guerra
Os apelos para que os ucranianos reduzam o consumo de eletricidade têm sido obedecidos pela população. Dependendo das regiões, o consumo já baixou entre 5% a 20%, em média, em determinados dias.
"Cada quilowatt economizado é uma arma contra os planos do inimigo", escreveu há uns dias, no Telegram, o chefe da administração militar de Kryvyi Rih, Oleksandr Vilkoul.
Apesar de constituir um crime de guerra, já que estes ataques visam bens civis e não têm objetivos militares, a Rússia pretende com eles que a população enfrente um rigoroso inverno, voltando-a contra o regime de Kyiv.
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