China. Exclusão de ex-presidente de congresso "reflete lutas internas"
O artista e ativista chinês Ai Weiwei disse hoje que as imagens do ex-presidente da China Hu Jintao a ser escoltado para fora do congresso do Partido Comunista refletem a "luta interna pelo poder" no regime.
© Reuters
Mundo Ai Weiwei
Esse momento "mostra a realidade profunda do núcleo do regime comunista" e é um "vislumbre muito pequeno" da "luta interna contínua pelo poder" no partido, desde a sua fundação, em 1921, disse Ai Weiwei, durante um encontro com jornalistas estrangeiros no Japão.
O artista conheceu pessoalmente o ex-presidente Hu Jintao, que compareceu no funeral do seu pai e quem descreveu como "um homem muito calmo e razoável, apesar de ser o líder do Partido Comunista".
Hu era visto como um líder "muito suave" pelo regime, apontou.
O vídeo, registado no sábado, durante a sessão de encerramento do congresso, mostra o ex-presidente da China, de 79 anos, sentado numa posição de destaque, ao lado do seu sucessor, o atual líder Xi Jinping, quando é abordado por dois seguranças.
O ex-presidente parece argumentar brevemente com um dos seguranças. Hu levanta-se e fala durante cerca de 30 segundos com os dois homens, parecendo relutante em sair. Ele é depois escoltado, com um dos seguranças a agarrá-lo pelo braço.
Antes de sair, Hu parece dizer algo a Xi Jinping e dá um toque amigável no ombro do primeiro-ministro, Li Keqiang.
O ativista chinês acredita que a cena "mostra uma liderança desenraizada de sentimentos, emoções ou mesmo amizade".
"Esta luta nunca para, em nenhuma geração", continuou o ativista, que apontou que a nova formação do Comité Permanente do Politburo é composta por pessoas mais parecidas e leais a Xi, visando "garantir a continuidade da sua agenda política".
O atual líder da China, Xi Jinping, emergiu durante a sua primeira década no poder como um dos líderes mais fortes na História moderna da China, quase comparável a Mao Zedong, o fundador da República Popular, que liderou o país entre 1949 e 1976.
Xi quebrou neste congresso com a tradição política das últimas décadas ao assegurar um terceiro mandato no poder.
A sua permanência "implica também a sua sobrevivência".
"A sua queda colocá-lo-ia em grandes dificuldades", disse Ai Weiwei, observando que o Presidente usou a campanha anticorrupção como ferramenta para "seletivamente" expurgar 4.000 ou 5.000 funcionários e mais de cem generais, o que torna a sua possível saída "perigosa para ele e para a sociedade chinesa".
Ai Weiwei, de 65 anos, recebeu o Praemium Imperiale, o maior prémio do Japão para as artes, do qual foi um dos vencedores, em 2022, juntamente com figuras como o cineasta americano Wim Wenders e o pianista e maestro polaco Krystian Zimerman.
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