"Bomba suja" ucraniana entrou na fase final de preparação, diz Moscovo
A Rússia insistiu hoje que a Ucrânia poderá usar uma "bomba suja", contendo material radioativo, cuja preparação entrou na "fase final", uma acusação rejeitada por Kyiv e pelos seus aliados ocidentais.
© Lusa
Mundo Guerra na Ucrânia
"De acordo com as informações de que dispomos, duas organizações ucranianas têm instruções específicas para fazer a chamada 'bomba suja'. O seu trabalho entrou na fase final", disse o chefe da unidade de proteção radiológica, química e biológica das forças armadas russas, tenente-general Igor Kirillov, citado pela agência francesa AFP.
Kirillov disse que Kyiv pretende "acusar a Rússia de utilizar armas de destruição maciça" na Ucrânia e lançar, assim, "uma poderosa campanha antirrussa destinada a minar a confiança em Moscovo".
A Rússia tem reivindicado, desde domingo, que Kyiv pretende usar em território ucraniano uma arma convencional contendo material radioativo, designada por "bomba suja", para culpar a Rússia e desencadear uma resposta dos aliados ocidentais.
Tratar-se-ia de uma operação de 'bandeira falsa', usada num conflito de modo a aparentar ser realizada pelo inimigo para tirar partido das suas consequências.
Kirillov disse que a Ucrânia quer, em particular, "intimidar a população local e aumentar o fluxo de refugiados através da Europa".
"A detonação de um dispositivo explosivo radioativo conduziria inevitavelmente à contaminação da área, que poderia cobrir vários milhares de metros quadrados", advertiu.
Kirillov também acusou o Reino Unido de manter contactos com Kyiv "sobre a questão de a Ucrânia obter as tecnologias [necessárias] para a produção de armas nucleares".
O general russo disse que na Conferência de Segurança de Munique, em 19 de fevereiro, cinco dias antes de a Rússia invadir o país vizinho, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou pretender restaurar o estatuto nuclear da Ucrânia.
Disse ainda, citado pela agência russa TASS, que Zelensky apelou, no fim de semana, para um ataque contra o Kremlin (presidência russa) se a Rússia bombardear o "centro de tomada de decisões" na Rua Bankova, em Kyiv, onde se situa o seu gabinete.
Em contactos separados no domingo, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, alertou os homólogos norte-americano, francês, britânico e turco para "possíveis provocações por parte da Ucrânia" com o uso de uma "bomba suja".
Os Estados Unidos, a França e o Reino Unido declararam hoje, num comunicado conjunto, que as alegações de Moscovo são falsas.
A Ucrânia também desmentiu as alegações russas, que considerou absurdas e perigosas, e Zelensky pediu aos aliados ocidentais uma resposta a Moscovo "tão dura quanto possível".
A invasão da Ucrânia pela Rússia mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Uma das consequências foi a fuga de mais de 7,7 milhões de pessoas para países europeus, havendo ainda mais de seis milhões de deslocados internos, segundo a ONU.
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