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Rússia enfrentará "raiva" se desistir do acordo sobre cereais

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendeu hoje que a Rússia irá enfrentar uma "enorme indignação" e "raiva" de muitos países se desistir do acordo que permite a exportação de cereais ucranianos pelo mar Negro.

Rússia enfrentará "raiva" se desistir do acordo sobre cereais
Notícias ao Minuto

00:02 - 28/10/22 por Lusa

Mundo Exportação

Blinken referiu, durante uma conferência de imprensa em Otava após um encontro com a homóloga canadiana, Mélanie Joly, que o pacto assinado com a Rússia para desbloquear o porto de Odessa é positivo e que dois terços dos cereais que estão a ser exportados da Ucrânia têm países do hemisfério sul como destino.

"A ideia de que a Rússia diria agora que não quer mantê-lo causaria muita indignação e muita raiva em países ao redor do mundo que estão a beneficiar dos cereais da Ucrânia", sublinhou o chefe da diplomacia norte-americana.

"Faremos todo o possível para manter o acordo", acrescentou.

Moscovo garantiu esta quinta-feira que ainda não vê o cumprimento integral do memorando de Istambul sobre as exportações de cereais e fertilizantes ucranianos e russos proposto pela ONU e que ainda não tomou uma decisão sobre a prorrogação deste pacto, que termina a 19 de novembro.

O governante norte-americano também se referiu ao fornecimento de 'drones' iranianos que, segundo Washington, a UE e a NATO estão a ser usados pelas Forças Armadas russas para atacar alvos militares e civis na Ucrânia.

Blinken realçou que os Estados Unidos estão a implementar sanções contra "redes de drones iranianos" há algum tempo.

"Estamos a tentar quebrar essas redes e a fazer tudo o que podemos, não apenas com sanções, para interromper o comércio" de 'drones' iranianos, acrescentou.

Para Blinken, a necessidade de Moscovo em obter 'drones' iranianos para atacar a Ucrânia é prova de que as sanções impostas pelo Ocidente contra a Rússia estão a funcionar.

"A Rússia não pode produzir peças para os seus equipamentos e está a ser forçada a procurar em todo o mundo o que precisa para continuar a sua agressão", concluiu.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.374 civis mortos e 9.776 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Comissão Europeia propõe controlos mais apertados para armas de uso civil

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