Inflação e questões sociais preocupam jovens de Nova Iorque
A forte inflação que atinge os Estados Unidos não deixa alheios os jovens nova-iorquinos, que revelam ter esse fator em consideração nas eleições intercalares agendadas para 08 de novembro, a par das questões sociais.
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Em declarações à Lusa num supermercado em Manhattan, no centro de Nova Iorque, Natalie, uma gestora de redes sociais de 24 anos, indicou que, apesar de viver com os pais e de ainda não pagar as suas próprias contas sozinha, tem notado as dificuldades que a sua família e amigos têm enfrentado para equilibrar as finanças domésticas devido ao aumento generalizado dos preços.
"Os meus pais estão sempre atentos às mudanças de preço dos produtos no mercado e se as coisas vão ficar mais caras. As pessoas têm falado sobre uma possível recessão em breve. Portanto, é muito importante que todos estejamos cientes do que estamos a comprar. Sei que os meus pais, definitivamente, estão mais cautelosos e tenho a certeza de que muitas outras pessoas se preocupam com a inflação e como isso pode afetá-las", disse Natalie.
Para a jovem, a inflação, juntamente com as questões sociais, deveriam ser tidas em consideração no "voto de qualquer pessoa".
"Eu certamente vou ter isso em consideração, embora ainda não pague muitas das minhas coisas. Em geral, os americanos, especialmente os que vivem em Nova Iorque e Nova Jérsia, deveriam pensar na inflação no momento de votar", declarou.
Dentro das questões sociais e económicas que mais a preocupam, Natalie apontou as dívidas das propinas universitárias: "Eu acabei de me formar no ano passado e isso é algo super importante para mim porque, assim como muitos outros milhões de estudantes aqui na América, pagamos muito pelo ensino", explicou.
"Por vezes, as pessoas querem ir para a escola e não podem pagar. Então eu acho que isso é, provavelmente, o mais preocupante para mim neste momento", indicou.
Uma sondagem divulgada em 17 de outubro pelo jornal New York Times e pelo Siena College indicou que a economia e a inflação são as questões mais importantes para 44% dos prováveis eleitores.
Já um novo estudo divulgado pela Qualtrics concluiu que mais da metade dos norte-americanos consideram encontrar um emprego adicional para poder pagar as despesas diárias e atender ao aumento do custo de vida.
Além dos elevados preços da gasolina ou dos produtos de supermercado, os nova-iorquinos enfrentam ainda uma crise a nível imobiliário.
O aluguer médio em Manhattan - o mais antigo e mais densamente povoado dos cinco bairros que formam a cidade de Nova Iorque - chegou a 4.000 dólares (aproximadamente o mesmo valor em euros) em maio, o preço mais alto já registado pela corretora Douglas Elliman, responsável pelo levantamento, tendo-se mantido nesses valores desde então.
Princess, uma gestora de marca de 28 anos, disse à Lusa que a sua "vida e maneira de viver" mudaram drasticamente nos últimos meses, devido ao "imenso aumento do preço dos produtos", apesar de realçar que "as pessoas continuam a receber os mesmos salários".
"Sinto que estamos a caminhar para uma recessão, se já não estivermos numa. Queremos saber o que nosso Governo vai fazer sobre isso, especialmente numa escala menor, como em Nova Iorque e Nova Jérsia. Com 100% de certeza posso dizer que o meu poder de compra diminuiu. Por isso, com certeza, é um assunto importante", declarou.
Associado à inflação, Princess alertou para o aumento da criminalidade e para as questões de segurança na cidade.
"Tem ficado perigoso e eu sinto que pode ser por causa da inflação. As pessoas estão a fazer coisas mais desesperadas. Sinto que a criminalidade anda de mãos dadas com a inflação", observou.
Por outro lado, Christina, uma assistente executiva de 28 anos, assumiu à Lusa que, para si, as questões sociais e ambientais ultrapassam a inflação em matéria de importância, apesar de estar preocupada com a situação económica do país.
"A inflação é importante para mim, mas as questões sociais são um pouco mais importantes. Definitivamente, os problemas sociais e ambientais têm a minha atenção para estas eleições intercalares", afirmou.
Apesar de não estar no topo das suas prioridades, a jovem observou que tem feito "menos compras com o passar dos meses", algo que associa diretamente à alta inflação.
Entrando nas suas preferências partidárias, Christina avalia que os democratas "implementaram alguns planos para trabalhar com a inflação", apesar de não ter a certeza se serão eficazes a curto prazo.
"Eu tradicionalmente voto nos democratas e é assim que vou votar no dia 08", admitiu.
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