Rei de Marrocos convida PR argelino para vir dialogar a Rabat sobre Saara
O rei Mohamed VI, de Marrocos, convidou oficialmente o Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, a vir "dialogar" a Rabat, uma vez que não pôde deslocar-se a Argel para a cimeira da Liga Árabe, disse hoje o chefe da diplomacia marroquina.
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Segundo Nasser Bourita, o convite, que não é inédito, surge depois de o soberano marroquino ter desistido de participar na cimeira de líderes árabes, que termina hoje na capital argelina, o que ainda está por explicar.
O convite faz também parte da crise político-diplomática entre os dois países vizinhos no norte de África após a rutura das relações oficiais em agosto de 2021, por iniciativa de Argel, que denunciou atos "hostis" de Rabat, quer no território argelino quer no do Saara Ocidental, em que Argel apoia desde sempre a pretensão da Frente Polisário de realizar um referendo de autodeterminação na antiga colónia espanhola.
Mohammed VI chegou a anunciar nos últimos dias a intenção de ir a Argel, a convite do próprio Tebboune, mas Argel não recebeu qualquer confirmação da deslocação do monarca alauita, que acabou por enviar à cimeira o chefe da diplomacia marroquina.
Bourita, sem avançar quaisquer razões para a ausência de Mohammed VI na cimeira, lamentou que não tivesse havido uma "resposta pelos canais apropriados".
Por seu lado, e numa entrevista dada segunda-feira a uma estação de televisão saudita, Ramtane Lamamra, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Argélia, também lamentou a "oportunidade perdida" de dar início a uma aproximação entre os dois Estados vizinhos, ao referir-se à ausência do chefe de Estado marroquino.
Reagindo às declarações do homólogo argelino, segundo as quais Tebboune teria recebido formalmente Mohammed VI à sua chegada a Argel, Bourita considerou que "este tipo de reuniões não pode ser improvisado num saguão de aeroporto".
"[Mohammed VI] deu instruções para enviar um convite aberto ao Presidente Tebboune, uma vez que este diálogo não poderia ter lugar em Argel", assegurou o ministro dos Negócios Estrangeiros que representa Marrocos na cimeira árabe.
Nos últimos anos, e apesar da deterioração das relações bilaterais, Mohammed VI reiterou repetidamente a vontade de aproximação entre os dois países.
"Aspiramos a trabalhar com a presidência argelina para que Marrocos e Argélia possam trabalhar, de mãos dadas, para estabelecer relações normais entre dois povos irmãos", defendeu em julho passado o soberano alauita por ocasião da tradicional festa do trono.
No entanto, qualquer degelo na situação esbarra na questão do território disputado do Saara Ocidental.
A cooperação na área da segurança estabelecida pelo vizinho marroquino com Israel após a normalização das relações em dezembro de 2020 exacerbou as tensões entre Argel e Rabat, já altas devido às profundas divergências sobre o Saara Ocidental.
O convite formal de Tebboune a Mohammed VI para participar presencialmente na cimeira foi apresentado a 27 de setembro, numa altura em que os países já se encontravam de costas voltadas, com a extensa fronteira comum de 1.600 quilómetros fechada, na sequência de, entre outras questões, do apoio de Argel à Frente Polisário, movimento de libertação que luta pela autodeterminação do Saara Ocidental.
A Argélia cortou relações diplomáticas com Marrocos em agosto de 2021, acusando Rabat de "atos hostis", decisão descrita por Rabat como "completamente injustificada".
O estatuto da ex-colónia espanhola colocou Marrocos contra os separatistas sarauís da Frente Polisário, ativamente apoiado por Argel, desde a década de 1970.
Rabat, que controla cerca de 80% deste território, fez dele a sua causa nacional e defende um plano de autonomia sob a sua soberania para resolver o conflito, enquanto a Polisário apela a um referendo de autodeterminação sob a égide da ONU, tal como ficou determinado numa resolução das Nações Unidas, em 1991.
Leia Também: Saara Ocidental: Resolução da ONU vai ao encontro das pretensões de Rabat
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