O presidente russo, Vladimir Putin, abordou o retrocesso de Moscovo no que diz respeito à sua participação no acordo sobre as exportações de cereais ucranianos no Mar Negro, ressalvando que a Rússia reserva-se ao direito de rescindir ao estabelecido, caso os termos forem violados.
"Exigimos garantias do lado ucraniano de que nada como o ataque a Sebastopol acontecerá no futuro e que os corredores humanitários não serão usados para fins militares", disse o chefe de Estado, citado pela agência Interfax.
O líder russo complementou ainda que o Ministério da Defesa da Rússia "recebeu informações do lado turco de que tais garantias foram dadas pela Ucrânia de que esses corredores humanitários não serão usados para fins militares" e, nessa linha, deu "instruções ao Ministério da Defesa para retomar a plena participação [da Rússia] neste trabalho”.
"Ao mesmo tempo, a Rússia reserva-se ao direito de rescindir o acordo, caso os termos sejam violados", salientou.
Recorde-se de que a Rússia anunciou, esta quarta-feira, que retomará a sua participação no acordo sobre as exportações de cereais ucranianos após receber "garantias escritas" da Ucrânia sobre a desmilitarização do corredor utilizado para o seu transporte.
Reagindo a esta tomada de posição, o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, equacionou que a decisão de Moscovo se deveu ao facto de o Kremlin ter percebido que o acordo funcionaria sem o seu envolvimento.
Na verdade, em declarações à agência Reuters, Mykhailo Podolyak considerou este retrocesso comprovou que a “chantagem” e a “escalada e ameaças” russas falham quando enfrentam respostas fortes e assertivas.
Moscovo tinha suspendido a sua participação na chamada ‘Iniciativa do Mar Negro’ no sábado, 29 de outubro, após um ataque à sua frota na Crimeia, a península ucraniana que anexou em 2014.
De notar que a iniciativa resulta de acordos assinados pelos dois países com a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Turquia, em Istambul, em 22 de julho, para permitir escoar milhões de toneladas de cereais retidos em portos ucranianos pela guerra desencadeada pela invasão russa, a 24 de fevereiro deste ano.
A ofensiva russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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