No Texas, Kentucky, Alabama, Mississípi, Luisiana, Arcansas, Missouri, Oklahoma, Dakota do Sul, Tennessee, Wisconsin, Idaho e Virgínia do Norte o aborto foi totalmente banido, sem exceções para violação ou incest, quando passam quatro meses depois da decisão do Supremo Tribunal de revogar o direito federal à interrupção voluntária da gravidez.
No Indiana, Iowa, Dakota do Norte, Michigan, Montana, Ohio, Carolina do Sul e Wyoming as proibições totais foram temporariamente bloqueadas por juízes, estando em curso batalhas legais para que a ilegalização entre em vigor nestes estados.
Há cinco estados com proibições diversas: ilegal após seis semanas na Geórgia, 15 semanas no Arizona e Florida, 18 semanas no Utah e 20 na Carolina do Norte.
O procedimento mantém-se legal em 24 estados e na capital, Washington D.C..
A revogação tem sido uma das principais armas da campanha do partido democrata para as eleições intercalares de 08 de novembro, mas o seu efeito nas sondagens desvaneceu-se em outubro, ofuscado pela inflação e instabilidade económica.
"Se vocês não pensam que o direito a escolher é um assunto económico, não têm útero", disse a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, num comício em Detroit que teve o ex-presidente Barack Obama como principal atrativo.
"Há demasiado em causa para que possamos tomar seja o que for como garantido: qualquer pessoa, qualquer comunidade ou qualquer esperança", disse, citada pelo jornal local Bridge Michigan. "Então, por favor, façam alguma coisa todos os dias entre agora e a eleição", apelou.
Em junho, uma sondagem nacional do Pew Research Center mostrou que 61 por cento dos americanos consideram que o aborto deve ser legal. Já em outubro, uma pesquisa da Kaiser Family Foundation indicou que a revogação reforçou a motivação para votar em 50% do eleitorado, uma subida de sete pontos em relação a julho.
Mas os indicadores agregados da plataforma FiveThirtyEight mostram que a vantagem que os republicanos são agora favoritos a reconquistarem o controlo do congresso: têm uma probabilidade de?85 em 100 de ganharem a Câmara dos Representantes e 54 em 100 de vencerem o Senado.
Em pelo menos quatro estados, incluindo Califórnia, os eleitores serão também chamados a decidir sobre propostas de lei que consagram o direito ao aborto na respetiva constituição estadual, cimentando proteções que os republicanos prometeram desmantelar quando retomarem o poder.
Em agosto, os eleitores do Kansas, um estado conservador, derrotaram uma emenda à constituição estadual que permitiria banir o aborto, o que foi tomado como um sinal de que a vontade popular está em rota de colisão com a posição republicana.
Ainda assim, o partido republicano está em vantagem. Mesmo escândalos recentes, como a alegação de que o candidato ao Senado pela Geórgia Herschel Walker pagou por dois abortos, não puseram em causa a dianteira do partido.
O cientista político Everett Vieira III chegou a calcular que a revogação fosse um elemento positivo para os republicanos, ao mostrar o que o partido consegue quando usa o seu poder.
"Pensei que o aborto seria um tema galvanizador para os conservadores", disse. Principalmente tendo em conta que "o Supremo e todos os outros tribunais estão em jogo", uma vez que o Senado é o órgão que confirma ou rejeita nomeados presidenciais. Ou seja, "há potencial de recuperar o Supremo ou de solidificar o tribunal conservador".
No entanto, os eleitores estão mais preocupados com questões imediatas que afetam o seu orçamento. Uma sondagem ABC News/Washington Post do final de setembro indicou que o aborto não está na linha da frente para a maioria dos eleitores, nem sequer democratas.
Este é apenas o 5.º fator mais importante, referido por 62% dos inquiridos, atrás da economia (84%), educação e escolas (77%), inflação (76%) e crime (69%).
O foco no crime tem sido uma das armas da campanha republicana, além da situação económica e da inflação, com resultados positivos nas sondagens.
As eleições intercalares de 08 de novembro vão decidir o controlo das duas câmaras do Congresso, além de vários cargos de governador, secretário de estado e outros.
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