"Estamos alarmados com o agravamento da situação no Kosovo, em que as chamadas autoridades de Pristina voltam a aumentar deliberadamente a tensão perante a inação ou mesmo com o apoio direto dos seus patrocinadores em Washington e os seus aliados europeus", afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
Em declarações recolhidas pela agência de notícias russa TASS, Zakharova referiu-se também às "provocações" dos "radicais kosovares albaneses" com as quais "o Ocidente está a forçar deliberadamente (...) um conflito aberto".
A União Europeia (UE), autorizada pela Assembleia Geral da ONU a intervir entre Belgrado e Pristina "não quer ou não pode resolver a situação", enquanto a Sérvia "demonstra uma postura construtiva e pede para resolver os problemas através do diálogo e da aplicação de acordos preexistentes", segundo Zakharova.
No entanto, Moscovo apoiou a decisão dos sérvios kosovares de se retirarem das instituições do Kosovo, incluindo a polícia, em protesto contra a intenção de Pristina de deixar de reconhecer as matrículas sérvias e a falta da vontade para criar a Comunidade de Municípios Sérvios prevista nos acordos assinados.
Hoje, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, exortou o Presidente da Sérvia, Aleksander Vucic, e o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, a evitarem qualquer "ação unilateral" que possa escalar as tensões no norte do Kosovo.
A implementação de uma lei para mudar as matrículas sérvias para kosovares, numa área de maioria sérvia, está a ameaçar gerar um conflito naquela região do Kosovo.
A lei prevista para o verão já gerou uma reação violenta da comunidade sérvia e um período de transição foi acordado.
Pristina anunciou agora uma implementação progressiva da medida até 21 de abril, após adiar a sua introdução inicialmente prevista para 01 de novembro.
O abandono das instituições ocorreu pouco depois de Pristina ter destituído o diretor da polícia no norte do Kosovo, de origem sérvia, que se recusou a emitir a ordem sobre as matrículas dos veículos.
Para os sérvios do Kosovo, a medida viola os direitos alcançados pela minoria.
Por outro lado, a UE apelou ao diálogo entre as partes, criticando a saída dos sérvios kosovares das instituições do Kosovo, assegurando que "não é a solução para as disputas atuais e pode causar uma escalada de tensão".
O bloco comunitário também pediu a Pristina que "respeite as suas próprias obrigações sem procrastinação", estendendo o prazo para a implementação de matrículas kosovares e suspendendo as sanções para quem usa matrículas sérvias.
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