"É urgente mecanismo de distribuição permanente" de migrantes pela Europa

A organização de resgates humanitários no mar SOS Mediterranée, que detém o navio 'Ocean Viking', defendeu hoje ser urgente a criação pela União Europeia (UE) de um mecanismo de distribuição permanente dos migrantes que chegam à Europa.

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© Facebook/ SOS Mediterranée

Lusa
10/11/2022 14:23 ‧ 10/11/2022 por Lusa

Mundo

Migrações

"A situação do 'Ocean Viking' mostra que é urgente que os Estados europeus implementem um mecanismo de distribuição permanente" para os migrantes resgatados no Mediterrâneo, sublinhou a diretora da organização não-governamental (ONG), Sophie Beau.

O ministro do Interior francês anunciou hoje que o país vai receber o navio de resgate 'Ocean Viking', que estava há 19 dias no mar, com 234 migrantes a bordo, à espera de uma autorização das autoridades de Itália para desembarcar.

Perante o anúncio francês, a diretora da SOS Mediterranée admitiu sentir "um alívio manchado de amargura", lembrando a "provação vivida pelos sobreviventes a bordo" do barco humanitário.

A ONG já tinha alertado na segunda-feira que a situação a bordo se tinha tornado insuportável, já que os migrantes apresentavam "sinais significativos de ansiedade e depressão".

No dia seguinte, a SOS Mediterranée anunciou que se ia dirigir para França, face ao silêncio das autoridades italianas.

O barco está ainda em águas internacionais, perto da Córsega, tendo a guarda costeira francesa já entrado no navio para retirar quatro pessoas doentes.

No anúncio de acolhimento do 'Ocean Viking', o Governo francês sublinhou que o país só cuidará de um terço das pessoas a bordo, devendo as restantes ser distribuídas entre os diversos países europeus.

Em resposta à posição assumida pelo novo Governo de extrema-direita de Itália, França decidiu deixar de aplicar um acordo europeu que implicava o acolhimento por Paris de 3.500 migrantes atualmente em solo italiano.

O Governo italiano liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni tem acusado as organizações humanitárias que resgatam migrantes no mar de encorajarem o fenómeno migratório, pelo que decidiu não autorizar ou não responder aos seus pedidos para atracar em portos italianos.

Vários navios com centenas de migrantes mantiveram-se, durante dias, ao largo da costa italiana, apesar da degradação do estado de saúde dos passageiros.

De acordo com o Ministério do Interior italiano, quase 90.000 migrantes chegaram, este ano, às costas de Itália, sendo que, na ilha de Lampedusa, foram recebidos várias centenas nas últimas horas.

Pelo menos 1.337 pessoas morreram ou desapareceram ao tentar fazer a travessia da rota migratória do Mediterrâneo Central durante o ano corrente, de acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A rota do Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais, sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Itália e a Malta.

Leia Também: França suspende acolhimento de 3500 refugiados em protesto contra Itália

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